Título: Aumentar o uso de dados é o próximo desafio das teles
Autor: Moreira, Talita
Fonte: Valor Econômico, 27/12/2010, Empresas, p. B2
Depois de popularizar o acesso à telefonia móvel no país, as operadoras enfrentam o desafio de promover o uso de serviços com maior valor agregado.
O acesso à internet por meio do celular tem avançado rapidamente, mas ainda representa menos de 20% da receita combinada das operadoras Vivo, Oi, Claroe TIM, que somou R$ 40 bilhões nos nove primeiros meses deste ano.
As principais barreiras são o preço do serviço e os pesados investimentos necessários à construção das redes de terceira geração (3G) - que têm a capacidade de trafegar dados em alta velocidade.
Para contornar as dificuldades, as operadoras começam a agir em duas frentes. Uma delas é o acesso pré-pago à internet móvel, numa tentativa de repetir o sucesso que essa modalidade de plano teve na popularização dos celulares no Brasil. Outra medida que tem sido adotada pelas teles é o compartilhamento de infraestrutura, que ajuda a baratear os investimentos nas redes.
As teles querem estimular os serviços de dados porque são mais rentáveis e oferecem melhores perspectivas de crescimento que a voz. Além disso, elas precisam pavimentar o caminho para a quarta geração (4G), tecnologia que vai permitir o acesso à internet em velocidade ainda maior que a 3G.
O momento atual é determinante para que as empresas criem nos assinantes o hábito de consumir serviços de dados, avalia o diretor de consultoria da PromonLogicalis, Luís Minoru. "O mercado brasileiro ficou muito maior do que se previa, mas o acesso a dados não evoluiu numa velocidade tão rápida", afirma.
Mas isso vai acontecer, aposta o consultor. O surgimento de aplicações móveis para empresas vai revolucionar os negócios, ao mesmo tempo em que o compartilhamento de redes deve baratear os serviços de dados e popularizá-los para os brasileiros de menor poder aquisitivo. "Não há limites: o acesso de vídeo pelo celular, por exemplo, vai ser um mercado imenso", diz Minoru.
Especialistas indicam a convergência total entre telefonia fixa e móvel como uma tendência para a próxima década. A ideia é que o consumidor assine um pacote de voz e dados e possa usá-lo para falar ao telefone ou acessar a internet na rede fixa e na móvel.
Porém, os prognósticos não vão muito além disso. As inovações tecnológicas são tão rápidas que intimidam previsões mais detalhadas. "A gente nem sabe como vai se chamar o dispositivo móvel. Vai ser um celular, um tablet ou outra coisa?", indaga Minoru.
Uma das poucas certezas é que estar conectado o tempo todo, em qualquer lugar, terá importância crescente para um número cada vez maior de pessoas. (TM)