Título: Legislativo é o grande sonho
Autor: Jeronimo, Josie
Fonte: Correio Braziliense, 27/07/2010, Política, p. 7

O número de pessoas que tentam ser eleitas para o cargo de deputado federal está maior este ano em relação ao último pleito

Mesmo depois de uma nova safra de escândalos, do endurecimento nas regras de doações para as campanhas e da implantação da Lei da Ficha Limpa, a Câmara dos Deputados continua sendo um sonho para muitos políticos e também para os aspirantes a um cargo eletivo. No vestibular do Legislativo, a relação candidato/vaga saltou de 9,6 em 2006 para 11,3 este ano. Até agora, 5.841 candidaturas estão em análise na Justiça Eleitoral, contra 4.939 deferidas na última eleição proporcional para a Casa.

Empolgado com a possibilidade de se tornar deputado federal, o consultor Arthur Kleber Cardoso (PHS-DF), 28 anos, é um dos novatos que sonham com uma cadeira no Legislativo federal. Ele diz que vendeu o carro para pagar a campanha e conta com a ajuda da mãe, que distribui santinhos em ônibus. Minha campanha vai custar R$ 30 mil, que foi um carro que vendi. O coeficiente para eleger um deputado federal é de 180 mil votos. No meu partido, são 13 candidatos, então são necessários cerca de 13 mil votos para cada um para se eleger um parlamentar, calcula.

Entre os jovens que tentarão uma vaga na Câmara está a estudante de 21 anos Aline Rodrigues Ribeiro (PT), do município de São Francisco, no norte de Minas Gerais. Filiada à sigla há três anos, ela já disputou vaga na Câmara Municipal de sua cidade e agora sonha com a Câmara federal.

Apesar da disposição dos aspirantes a deputado, nem todos os candidatos nutrem expectativas de chegar ao Legislativo. No domingo, o Correio contou a história de mulheres que se candidatam para ajudar suas respectivas legendas a cumprir a cota destinada por lei ao público feminino 30% das candidaturas. O caso também se aplica à postulante mais jovem ao cargo de deputada federal por São Paulo, Laura Lima (PV), 19 anos. Ela confessa que não se registrou pensando em vencer o pleito: Foi só mesmo para ajudar (o partido).

Além de ter aumentado o número de registros de candidaturas para deputado federal, também cresceu a quantidade de parlamentares que decidiram interromper a carreira no Congresso. Em 2006, 22 então deputados não se candidataram a nada. Este ano, o número subiu para 32. Entre os desiludidos estão nomes conhecidos, como o do primeiro-secretário da Casa, Rafael Guerra (PSDB-MG); o secretário-geral do PT, José Eduardo Cardozo (SP); e o líder do PPS, Fernando Coruja (SC).

Ajudo na coordenação de campanha do partido. É bom dar lugar para outros. Não saio da política, só fico sem mandato, afirmou Rafael Guerra. Na mesma linha, Ibsen Pinheiro (PMDB-RS) que ganhou destaque nos noticiários ao defender uma nova divisão dos royalties do petróleo cansou da emoção do Legislativo: Este ano, metade dos deputados não volta e a outra metade vai ter que ganhar o mandato duas vezes, uma nas urnas e a outra na Justiça.

Este ano, metade dos deputados não volta e a outra metade vai ter que ganhar o mandato duas vezes, uma nas urnas e a outra na Justiça Ibsen Pinheiro, deputado do PMDB-RS, que não tentará se reeleger

O número R$ 16,25 mil Salário de um deputado federal, sem contar os benefícios