Título: Negociações com PT, PMDB e aliados ficarão com Dutra, Palocci e Luiz Sérgio
Autor: Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Valor Econômico, 06/01/2011, Política, p. A6

A presidente Dilma Rousseff acertou ontem, durante almoço com o chefe da Casa Civil, ministro Antonio Palocci, o ministro das Relações Institucionais, Luiz Sérgio e o presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra, que não há prazo para retomada das nomeações para cargos no segundo escalão.

Foi feita também uma divisão de tarefas: caberá ao presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra, a tarefa de conter os petistas; Palocci segue a negociação com o grupo do PMDB e Luiz Sérgio fica com a responsabilidade de negociar com os demais partidos da coalizão governista.

Interlocutores da presidente afirmaram que a decisão tomada ontem não significa que Dilma recuou do desejo de profissionalizar as escolhas para o segundo escalão. Lembraram que, durante a campanha, ela sempre disse "não ser contra indicações políticas, desde que estas respeitassem o critério técnico".

Mas o acirramento dos ânimos nos últimos dias fez com que o grupo concluísse que, se as negociações foram paralisadas, o melhor é que elas sejam retomadas com cautela para que a crise não volte.

A insatisfação manifestada pelo PMDB nos últimos dias alertou o governo sobre o apetite do PT em ocupar o segundo escalão. O clima está mais ameno, mas, daqui para frente, caberá ao PT arrefecer o ímpeto na hora de definir as nomeações das Pastas que ocupa. "Vamos desacelerar. Inquietações são naturais nesse momento de montagem de governo, muitas dessas pessoas estavam no cargo há muito tempo", disse um auxiliar da presidente.

Petistas próximos a Dilma consideram natural que Palocci seja o principal articulador deste grupo, e não o ministro das Relações Institucionais. Além dele, o atual ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e das Comunicações, Paulo Bernardo, também ajudaram, num primeiro momento, a acertar uma trégua com o PMDB.

Ponderam que Palocci esteve ao lado da presidente durante a montagem do primeiro escalão do governo, acumulou experiência na conversa com os partidos aliados. "Não é um processo que está começando agora, é mais um capítulo do que aconteceu durante a campanha e depois na transição", avaliou .

A atitude do PMDB, que manteve em ministérios sob sua responsabilidade os cargos que estavam com o PT, também serviram de exemplo a ser apresentado ao partido. O fato de o ministro da Previdência, Garibaldi Alves, ter mantido como secretário-executivo o petista Carlos Gabas e de o ministro do Turismo, Pedro Novais, ter feito o mesmo no comando da Embratur, com o também petista Mário Moysés, foram vistos como "sinais de boa vontade" dos pemedebistas. "O PT terá que se espelhar nisso", disse uma pessoa com trânsito no quarto andar do Planalto.

Para evitar que esse debate contamine a eleição para a Câmara, Luiz Sérgio acertou com o ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento (PR), que o deputado Sandro Mabel (GO) não será candidato avulso à presidência da Câmara, para não criar obstáculos à eleição do petista Marco Maia. E o ministro da Fazenda explicará aos líderes todas as razões pelas quais o salário mínimo não pode passar de R$ 540.