Título: Recuperação dos EUA está mais próxima
Autor: Camba, Daniele
Fonte: Valor Econômico, 06/01/2011, Investimentos, p. D2

A cada indicador positivo sobre a economia americana aumenta a sensação de que a recuperação dos EUA vai de fato ocorrer. Ontem, essa percepção ganhou força com novos números sobre a economia daquele país. Eles animaram os mercados. No Brasil, levaram o Índice Bovespa de volta aos 71 mil pontos. O indicador fechou em alta de 1,10%, aos 71.091 pontos, a maior pontuação desde 11 de novembro do ano passado.

Um dos indicadores vindos dos EUA foi o índice dos gerentes de compra, do Institute for Supply Management (ISM), sobre a atividade não manufatureira que aumentou de 55 em novembro para 57 em dezembro, maior nível desde maio de 2006. O número também veio acima das expectativas do mercado, em torno de 55,7.

Também houve o anúncio da criação de novas vagas de trabalho pelo Automatic Data Processing (ADP) que mostrou 297 mil novos postos em dezembro do ano passado. Esse número superou, e muito, as projeções dos analistas de mercado, que eram em torno de 100 mil vagas.

Índice Bovespa fecha na maior pontuação em dois meses

O número de dezembro é o maior desde o início da série, em janeiro de 2001. Ele também revela uma aceleração considerável ante o mês anterior, de 92 mil novas vagas de trabalho. Na visão do economista-chefe do banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves, "o dado do ADP de dezembro pode indicar o início de uma recuperação mais consistente no mercado de trabalho americano", diz o executivo em relatório.

No entanto, o cenário ainda está muito longe do que foi antes da crise. Segundo Lima Gonçalves, entre fevereiro de 2008 e janeiro de 2010 foram destruídos cerca de 8,3 milhões de postos de trabalho no setor privado americano. Desde fevereiro de 2010, foram criadas apenas 765 mil vagas.

"Se o ritmo de criação de vagas de dezembro se repetir nos próximos meses, ainda assim serão necessários pouco mais de 2 anos para que o emprego volte ao nível de antes da crise", explica Lima Gonçalves no relatório.

As ações ordinárias (ON, com voto) da BM&FBovespacaíram ontem 2,30% (maior queda do Ibovespa), refletindo a notícia publicada pelo Valorde que um grupo de investidores estaria criando uma bolsa concorrente. Para alguns analistas, é inevitável um ambiente de competição, assim como acontece em outros países, como os Estados Unidos, onde existem várias plataformas de negociação para os mesmos ativos. A consequência deve ser uma queda nas taxas cobradas pela bolsa. Ponto para o investidor.

Daniele Camba é repórter de Investimentos