Título: Planalto nega espaço na coordenação ao PMDB
Autor: Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Valor Econômico, 11/01/2011, Política, p. A5

A presidente Dilma Rousseff avisou ontem ao PMDB que o partido não terá um assento a mais na coordenação política de governo. Para Dilma, se a coordenação de governo fosse aberta para o PMDB, teria que abrigar todos os demais partidos aliados e perderia o formato original para o qual foi concebido - um encontro semanal dos ministros mais próximos da Presidência da República para discutir os rumos do governo.

A reivindicação do PMDB foi feita na semana passada, após a primeira reunião de coordenação do governo. Os pemedebistas reclamaram que na foto oficial só havia ministros petistas - o único pemedebista do grupo era o vice-presidente da República, Michel Temer.

O impasse fez com que a reunião de ontem fosse cancelada em cima da hora. A justificativa oficial foi a ligação do presidente ucraniano, Victor Yanukovic, parabenizando Dilma pela vitória eleitoral de outubro e desejando discutir a parceria entre os dois países no projeto de lançamento de foguetes na Base de Alcântara.

Mas Dilma reuniu-se no mesmo horário com Temer, o ministro da coordenação política, Luiz Sérgio, e o chefe da Casa Civil, ministro Antonio Palocci. Foi neste encontro que Dilma comunicou o fato e Temer avisou que conversaria com os demais interlocutores do partido.

No fim da tarde, Temer encontrou-se com o ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), Moreira Franco, e o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Cunha chegou do Rio de Janeiro e foi direto à Vice-Presidência para conversar com Temer. De acordo com eles, no entanto, o assunto está superado. "Estávamos vendo outras questões, não tinha nada a ver com a coordenação de governo. A Dilma tem o direito de definir o formato desta reunião", disse Moreira ao Valor.

A versão da semana passada, no entanto, era outra. Os pemedebistas já tinham até mesmo escolhido quem seria o indicado para participar das reuniões: o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão. Além de ser um nome de consenso no partido, Lobão é próximo de Dilma e poderia apresentar menos resistência junto ao núcleo do governo.

A intenção do PMDB em participar da coordenação de governo é antiga. Desde o governo de Luiz Inácio Lula da Silva o partido reclama que é o principal aliado do PT mas sempre esteve alijado das decisões governamentais. Nomes como o do atual ministro da Defesa, Nelson Jobim, e do ex-ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, foram cogitados para participar da coordenação, sempre sem sucesso.

No Planalto a justificativa é que a coordenação de governo - também batizada de núcleo duro - não é composta por nomes ou partidos, mas por pastas centrais na estrutura oficial. Fazem parte da coordenação, além da presidente Dilma, o vice-presidente Michel Temer; o chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho; a ministra da Comunicação Social, Helena Chagas; o ministro da Fazenda, Guido Mantega; do Planejamento, Miriam Belchior; da Justiça, José Eduardo Cardozo e o chefe de gabinete da Presidência, Gilles Azevedo.