Título: Battisti queixa-se de STF a Suplicy
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Fonte: Valor Econômico, 11/01/2011, Política, p. A3

Folhapress, de Brasília O italiano Cesare Battisti reclamou ontem da decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Cezar Peluso, de mantê-lo preso depois que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva negou sua extradição para a Itália. Em conversa no presídio da Papuda (DF) com o senador Eduardo Suplicy (PT-SP), que foi visitá-lo à tarde, Battisti disse não entender como a decisão de Lula ainda não foi cumprida pelo tribunal.

"Ele não compreende porque ainda não ganhou a liberdade. Fez um paralelo lembrando que o presidente Nicolas Sarkozy [França], quando decidiu não extraditar a Marina Petrella [ex-ativista italiana], meia hora depois ela estava livre. Mas ele não", relatou Suplicy.

Peluso decidiu na semana passada manter preso o italiano e contestou os argumentos usados pelo ex-presidente Lula para negar sua extradição. Peluso avaliou pedido da defesa do terrorista, que havia solicitado sua soltura imediata logo depois da divulgação do parecer de Lula - favorável à concessão da condição de imigrante para o italiano.

O ministro mandou o processo para o gabinete do relator, Gilmar Mendes, que só deverá analisar o caso após o fim do recesso do Judiciário, a partir de fevereiro.

O senador disse que Battisti está bem de saúde, com "esperança" de que a decisão de Lula seja respeitada. Suplicy disse que não conversou com o ex-ativista italiano sobre o seu futuro no Brasil - caso o STF conceda sua liberdade. "Ele não me relatou, mas o que sei é que vai continuar a escrever. Ele já vinha publicando livros antes".

O encontro de Suplicy com Battisti durou cerca de uma hora, em local reservado para visitas. Segundo o senador, o italiano disse estar ansioso pela sua liberdade para rebater publicamente as acusações de quatro assassinatos que teria cometido na Itália em meio à luta política.

"Hoje [ontem] ele repetiu que nunca um juiz ou uma autoridade policial o ouviu sobre esses assassinatos, pelos quais foi condenado à prisão perpétua. Ele nunca teve a oportunidade de se defender adequadamente", afirmou Suplicy.