Título: Clima mistura temporal no SE e seca no Sul
Autor: Máximo, Luciano; Maia, Samantha
Fonte: Valor Econômico, 12/01/2011, Brasil, p. A4
De São Paulo
O Estado de São Paulo não é a única região do país a sofrer com enchentes. As chuvas fortes estão presentes em todo o Sudeste e devem ser recorrentes no verão. A previsão é que ocorram mais temporais em São Paulo, no Rio e sul de Minas, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Para os próximos sete dias, é previsto chover até 180 milímetros (mm) em São Paulo, o que pode fazer que o mês de janeiro deste ano fique próximo ao de 2010 em nível de precipitação (480 mm). "É típico da região ter temporais nesta época, propiciados pelas temperaturas elevadas", diz Francisco de Assis Diniz, meteorologista do Inmet.
Segundo ele, as chamadas "ilhas de calor" também favorecem as chuvas fortes nas grandes cidades. O fenômeno é caracterizado pela formação de massas de ar quente nas áreas urbanas devido à poluição, às construções e ao asfalto.
Segundo o acompanhamento do Inmet, até o dia 10 de janeiro choveu 251,8 mm na capital paulista, acima da média histórica de 238,7 mm. Os dias de maiores precipitações foram a passagem do dia 2 para o dia 3, quando choveu 62 mm, e o dia 10 (66,6 mm).
Em Minas, a defesa civil está em alerta para a ocorrência de temporais. Sessenta e cinco cidades decretaram situação de emergência nesta estação chuvosa. A Defesa Civil estadual homologou a situação de emergência para 15 municípios que a decretaram e, em outros 30, a situação está em análise. As demais foram arquivadas.
As chuvas fortes, que podem durar até amanhã, de acordo o Inmet, devem cair principalmente no noroeste, centro, oeste e sul do Estado, além do Triângulo Mineiro e da Zona da Mata. Em Belo Horizonte, estão 80% (950 mil) do total de pessoas afetadas pela chuva, que chega a 1,2 milhão. Já passa de 15 mil o número de moradores que tiveram de deixar suas casas.
Enquanto isso, o Rio Grande do Sul está sofrendo com a estiagem. Segundo a Defesa Civil do Estado, quatro municípios estão em situação de emergência e mais três enviaram notificação (Piratini, Hulha Negra e Cerrito). Entre os problemas enfrentados estão o desabastecimento de água, a baixa do nível dos rios, as perdas nas lavouras.
O capitão Ari Ferreira, chefe de comunicação da Defesa Civil estadual diz que a situação de seca é comum nesta época do ano. "É um problema cíclico, e as prefeituras só decretam o estado de emergência quando não têm mais recursos para enfrentar a situação", explica.
Segundo Diniz, do Inmet, a seca no Sul também é influência do La Niña, que favorece a umidade no Norte e Nordeste e a seca no Sul e Sudeste do país. Esse fenômeno climático é causado pelo resfriamento anormal das águas do Oceano Pacífico e começou em agosto do ano passado. (SM)