Título: Petróleo chega próximo de US$ 100
Autor: Jack , Farchy
Fonte: Valor Econômico, 13/01/2010, Empresas, p. B6
O petróleo subiu para as proximidades de US$ 100 o barril pela primeira vez desde a disparada de seu preço em 2008, em meio a crescente otimismo de que o crescimento econômico mundial impulsionará a demanda.
Mas o forte aumento também intensificou as preocupações com o impacto dos preços das commodities na economia mundial, principalmente em países emergentes, pois a tendência vem na esteira de custos elevados para as commodities agrícolas e metais.
O surto de encarecimento do petróleo também acontece após perturbações no fornecimento, como a paralisação das operações, nesta semana, num oleoduto no Alasca, e fortes afluxo de investidores aos mercados commodities.
Traders disseram haver um crescente consenso de que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) está satisfeita com preços próximos de US$ 100 o barril. No passado, a Arábia Saudita, líder de fato do cartel, havia dito que se empenharia em manter os preços do petróleo na faixa de US$ 70 a US$ 80 o barril.
O petróleo tipo Brent, uma referência mundial, atingiu uma alta intradiária de US$ 98,8 dólares por barril nesta quarta-feira, o maior desde setembro de 2008, quando os preços do petróleo estavam em meio a um colapso frente a seu recorde de US$ 147 por barril. "O Brent pode atingir US$ 100 dólares a qualquer momento. Há grande pressão de alta", disse Michael Wittner, do Société Générale.
Os preços de tipos de petróleo com qualidade premium no mercado físico, como o indonésio Tapis e o nigeriano Bonny Light, ultrapassaram, nesta quarta-feira, os US$ 100 o barril.
A força da recuperação do consumo de petróleo no ano passado surpreendeu muita gente, tendo a demanda crescido à taxa de 2,3 milhões de barris por dia, segunda maior em três décadas. Operadores e investidores começaram o ano em ânimo altista. "A previsão consensual da demanda para 2011 está subindo pouco a pouco, dia a dia, disse um operador.
A Agência Internacional de Energia (AIE), que monitora os mercados petrolíferos nos países ocidentais, prevê que o consumo crescerá, neste ano, a uma taxa mais lenta de 1,3 milhão de barris por dia (mb/d), mas analistas e operadores acreditam que o avanço será bem maior - alguns apontam para a faixa de 1,7 a 2,0 mb/d.
Mas analistas advertiram que o Brent poderá ficar sobrecomprado. Enquanto está flertando com os US$ 100, o preço do West Texas Intermediate, referencial nos EUA, está estagnado.
Na quarta-feira, o tipo WTI era negociado a mais de US$ 6,50 abaixo do preço do Brent, a US$ 92,39. O fosso crescente entre os dois referenciais deve-se a um acúmulo de estoques em Cushing, Oklahoma, ponto de entrega sem acesso ao litoral dos volumes negociados em contratos com o tipo WTI.
Como Cushing tem poucas saídas para drenar o estoque excessivo de petróleo, um superávit de oferta tende a deprimir o preço do WTI em relação a outros preços referenciais - tanto americanos como internacionais.