Título: Governos tentam coordenar reconstrução
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 18/01/2011, Brasil, p. A4

Do Rio O governo federal e o do Estado do Rio de Janeiro, bem como os municípios da região Serrana do Rio de Janeiro tomaram ontem medidas para tentar coordenar os serviços de resgate e ajuda aos sobreviventes e também para iniciar obras de reconstrução das cidades atingidas. O governador Sérgio Cabral anunciou a criação do Gabinete Executivo de Reconstrução da Região Serrana, enquanto a presidente Dilma Rousseff recomendou aos ministros da Justiça, Defesa e Integração Nacional que sobrevoem e visitem novamente as áreas atingidas no Rio e averiguem a execução das medidas definidas semana passada. Enquanto isso, homens do Exército reforçaram o atendimento à população. Até ontem foram confirmadas 665 mortes desde a chuva da semana passada, segundo boletim divulgado no início da noite pela secretaria de Saúde e Defesa Civil do Rio.

O gabinete da reconstrução será chefiado pelo prefeito de Bom Jardim, Affonso Monnerat, também presidente da Associação dos Prefeitos do Estado do Rio. Ele responderá ao vice-governador Luiz Fernando Pezão, que acompanha as operações de resgate e de ajuda aos sobreviventes em Nova Friburgo desde quarta-feira. "São sete cidades muito machucadas. Temos um cronograma: primeiro é dar dignidade aos vivos, cuidar das pessoas e resgatar com dignidade os mortos. Depois, recuperar as cidades", disse Cabral.

O governador do Rio visitou ontem os municípios de Bom Jardim, Sumidouro e São José do Vale do Rio Preto, três dos atingidos pelas chuvas. Na semana passada, ele já estivera em Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo.

Nova Friburgo concentra o maior número de vítimas - 312 até o início da noite de ontem. Petrópolis tem 2.800 desabrigados (pessoas que perderam suas casas), e outros 3.600 desalojados (pessoas que foram obrigadas a sair de casa). Em Nova Friburgo, são 1.970 desabrigados e 3.220 desalojados. Já em Teresópolis, 1.280 pessoas perderam suas casas, e 960 deixaram suas residências. Sumidouro tem 15 mil habitantes, e 3.000 ainda estão ilhados, ou seja, não conseguiram ser acessados pelas equipes de resgate. A prefeitura informou que 50 pontes em toda a cidade foram completamente destruídas.

A Aeronáutica iniciou na manhã de ontem o funcionamento de seu hospital de campanha, instalado em Itaipava. A força militar está dando ainda suporte na área de comunicações, oferecendo telefones e internet em um centro montado na região. Ao todo, 200 homens da Força Aérea Brasileira (FAB) atuam na região, entre médicos, enfermeiros, pilotos e especialistas em comunicações. Três helicópteros estão sendo empregados nos resgates da região, e outras duas aeronaves estão de prontidão no Rio. Estão mobilizados ainda dois aviões para buscarem mantimentos que estão sendo doados em todo o Brasil. O hospital de campanha ficará aberto das 8h às 17h, com capacidade para atender até 400 pessoas por dia.

Ontem, o corpo do ex-prefeito de Nova Friburgo Paulo Cezar Vassallo de Azevedo, foi encontrado soterrado em seu sítio, na estrada Friburgo-Teresópolis. Segundo a prefeitura, Azevedo foi soterrado no fim de semana. Azevedo tinha 72 anos, era friburguense e advogado. Foi prefeito de 1989 a 1992 e de 1997 a 2000.

Outro problema enfrentado por Nova Friburgo é que já começa a faltar espaço para despejar toda a lama que está sendo recolhida na cidade. A Empresa de Obras Públicas (Emop), que coordena o trabalho de desobstrução e limpeza, avalia novas áreas no entorno da cidade para descarregar o material recolhido. Parou de chover na cidade, e a temperatura subiu. Com isso, a lama começa a secar e virar poeira, o que amplia os riscos de problemas respiratórios.

Por ora, os trabalhos se concentram apenas na limpeza e desobstrução da cidade. Esses serviços são feitos por 241 máquinas, das quais 83 caminhões de duplo eixo e 42 retro escavadeiras. Ao mesmo tempo, técnicos começaram a fazer imagens da cidade para a avaliação de encostas que terão que ser contidas. (Agências noticiosas)