Título: Governos querem integração entre ensino médio e técnico
Autor: Máximo, Luciano
Fonte: Valor Econômico, 21/01/2011, Especial, p. A12

De São Paulo

A integração entre ensino médio regular e profissional surge como uma das principais medidas das novas administrações estaduais para minimizar o problema do ciclo, considerado hoje o maior gargalo da educação brasileira, com alto índice de evasão e as piores notas nas avaliações educacionais. Mais de dois terços dos Estados, cujos orçamentos da área superam a marca de R$ 50 bilhões, planejam mesclar currículos, com forte enfoque no mercado de trabalho, como forma de atrair o jovem à escola.

"Pretendemos avançar em projetos inovadores no ensino médio, focando a área de tecnologia e a preparação para o ensino superior, com cada vez mais programas profissionalizantes em paralelo ao médio regular", relata Ana Lúcia Gazzola, secretária estadual de Educação de Minas Gerais.

No Mato Grosso, a secretária de Educação, Rosa Neide Sandes, conta que a integração é uma arma para reduzir a evasão. "O Estado já conta com 90 escolas de ensino médio com cursos técnicos integrados. A ideia é avançar nisso, porque a avaliação é muito positiva, o interesse dos alunos é maior, a evasão diminui. Aumentamos a carga horária de quatro para cinco horas, procuramos criar aulas inovadoras, com maior uso da internet, numa conjugação de teoria e prática", conta Rosa Neide.

O governo pernambucano já programou a construção de 47 escolas técnicas até 2014. "Serão 11 só este ano. Por ser mais atrativo, o ensino profissionalizante vai nos ajudar a derrubar o índice de evasão do ensino médio, que hoje representa 53% das matrículas, para abaixo da média nacional, que está entre 30%, 35%", almeja Anderson Gomes, secretário estadual de Educação de Pernambuco.

Outra política pública que estará na ordem do dia das secretarias estaduais de Educação nos próximos anos será a adaptação de escolas para a adoção do ensino em tempo integral. "A proposta é ter 500 escolas em tempo integral até o fim do governo. A maioria levará mais tempo para ter sua estrutura convertida, mas a ideia principal é organizar atividades no contraturno", explica Flávio Arns, titular da Educação no Paraná. O Amazonas estipulou uma meta para a expansão da rede de escolas em tempo integral, das atuais 22 unidades para 86 até o fim de 2014.

Além do foco no ensino médio profissionalizante e na educação em tempo integral, os governos estaduais também planejam reformas e construções de escolas, buscam ampliar programas de formação de professores e discutem a adoção da gestão democrática. (LM)