Título: China é a segunda economia mundial
Autor: Braga, Fernando
Fonte: Correio Braziliense, 31/07/2010, Economia, p. 14

Governo garante que o PIB do país superou o do Japão e caminha para alcançar o dos EUA

Após três décadas de crescimento acelerado, a economia chinesa desbancou a japonesa e se tornou a segunda maior do mundo. Pelo menos nas estimativas de Yi Gang, chefe da Administração Oficial de Câmbio, órgão do governo que regula o valor da moeda chinesa, o iuan. Apesar de não ter apresentado dados que comprovassem a diferença entre o Produto Interno Bruto (PIB) dos dois países, ele assegurou que, se o gigante asiático conseguir manter a taxa média de expansão nos próximos anos, também vai ultrapassar os Estados Unidos. Dessa forma, assumiria a liderença no ranking das potências mundiais.

Em entrevista publicada no site do órgão, Yi afirmou que o PIB chinês registrou um aumento de 11,1% no primeiro semestre do ano, o que deve fazer com que o país alcance uma alta de 9% em 2010. O governo creditou os números positivos ao pacote de estímulo fiscal, equivalente a US$ 586 bilhões, adotado para combater a crise econômica que assolou o mundo em 2008. Desde 1978, quando implementou reformas de mercado, a China mantém uma média anual de crescimento de 9,5%. Segundo Yi, se o PIB subir entre 5% e 6% ao ano entre 2020 e 2030, a nação terá registrado um ritmo de expansão jamais visto na história da humanidade.

Enquanto isso, o Banco do Japão, correspondente ao Banco Central, acredita que a economia do país deve fechar o ano fiscal iniciado em abril com alta de 2,6%. O aumento em 2011 seria de apenas 1,9%. O governo japonês anunciou ontem que a produção industrial caiu 1,5% em junho, por causa principalmente do baixo consumo europeu, que afetou as importações do bloco e as vendas de produtos eletrônicos do parceiro asiático.

Analistas acreditam que, comemorações à parte, o PIB per capita de um país é mais importante do que o valor nominal da geração de riquezas. Certamente, assumir o segundo posto da economia global é algo simbólico, já que há algum tempo o país tem mais força política e econômica que o Japão. Mas é fundamental que eles consigam melhorar também outros aspectos, como o PIB per capita. Ele é que gera bem-estar para as pessoas no dia a dia. A diferença nesse indicador dos dois países é gigantesca, ressaltou o economista da Modal Asset Management Ivo Chermont. De acordo com projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI), o PIB per capita chinês deve ficar em US$ 3.999 neste ano, um valor mais de 10 vezes inferior aos US$ 41.366 do Japão.

Apesar de ter celebrado o suposto avanço na lista dos países mais ricos, o governo chinês reiterou que vai continuar protegendo o iuan das oscilações dos mercados globais, não permitindo sua livre flutuação. A China ainda é um país em desenvolvimento e devemos ter sabedoria suficiente para nos conhecermos, acrescentou Yi, sobre a possibilidade de tornar o iuan uma divisa internacional. Nós precisamos ser modestos e não chamar a atenção. Se o mundo escolher o iuan como moeda de reserva, não vamos tentar impedir. Mas também não vamos nos esforçar para que isso aconteça, completou.

É fundamental que eles consigam melhorar também outros aspectos, como o PIB per capita. Ele é que gera bem-estar para as pessoas no dia a dia

Ivo Chermont, economista da Modal Asset Management