Título: Empresas do país aplicam US$ 11,5 bi líquidos no exterior
Autor: Lamucci, Sergio
Fonte: Valor Econômico, 26/01/2011, Finanças, p. C1

As empresas brasileiras superaram os percalços da crise global e voltaram a aportar recursos nas suas filiais no mercado externo. O volume de investimento brasileiro direto no exterior (IBDE) atingiu o patamar líquido de US$ 11,5 bilhões no ano passado. Foram registradas despesas (saídas) de US$ 34,879 bilhões, contra US$ 23,379 bilhões em receitas (retornos).

Do total investido, a maior parcela, 57,1%, foi para o setor de serviços, especialmente financeiros. Outros 34,7%, foram direcionada à indústria, com destaque para o setor de produtos alimentícios, que ficou com 13,6% do total. A agricultura respondeu por 8,2%.

Para este ano, o Banco Central acredita em nova elevação, de quase 40%. Os investimentos brasileiros no exterior devem chegar a US$ 16 bilhões. A parcial de janeiro, até o dia 25, indica que foram aplicados mais US$ 889 milhões no exterior, segundo estimativa do chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes.

Ele disse que essa performance marca uma reversão "expressiva" em relação ao ano anterior. Em 2009, sem liquidez devido à crise e também pela retração dos bancos brasileiros, as companhias repatriaram US$ 10,084 bilhões. Os investimentos de empresas brasileiras no exterior decorrem de maior internacionalização das companhias. Empresas como Vale, Petrobras e JBS, entre outras, ampliaram seus braços para outros países, realizando importantes aportes de recursos em outros continentes.

Esse processo tem atraído também os bancos brasileiros, como o Banco do Brasil, o Itaú e o Bradesco, que começaram a adquirir instituições nos países com presença de empresas brasileiras justamente para dar apoio a essa expansão.

Os retornos desses investimentos ainda são pequenos se comparados ao que as multinacionais enviam às suas matrizes a título de lucros e dividendos. Em 2010 as empresas estrangeiras remeteram US$ 26,5 bilhões, considerando somente os investimentos diretos (IED), para seus países de origem. Já as empresas brasileiras mandaram de volta pouco mais de US$ 1,081 bilhão. Lopes pondera que o aumento do passivo brasileiro no exterior é diferente do passado. Antes, esse passivo era ampliado apenas por dívida, enquanto hoje cresce por investimento, que traz retorno ao país. A dívida externa brasileira fechou o ano em US$ 255,664 bilhões, inferior às reservas internacionais de US$ 288 bilhões.