Título: Dilma promete a Colombo ajuda de R$ 40 milhões
Autor: Pitthan, Júlia
Fonte: Valor Econômico, 27/01/2011, Política, p. A7

O governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo (DEM), conseguiu ontem da presidente Dilma Rousseff a garantia de liberação de R$ 40 milhões para emergências e compromissos futuros para a recuperação do Estado, afetado por enchentes na semana passada. Foi a primeira viagem do governador a Brasília, desde que tomou posse em 1º de janeiro.

As chuvas que causaram prejuízos de R$ 413 milhões em Santa Catarina na semana passada tornaram-se a primeira demanda efetiva do governador no primeiro mês à frente do cargo. Vestindo coleta da Defesa Civil, o governador viajou até Mirim Doce, uma cidade de 2,8 mil habitantes no Alto Vale do Itajaí, a mais afetada pela recente enchente. "Os dois supermercados, as duas farmácias da cidade, o posto de gasolina... todo o serviço da cidade foi afetado pela água", disse.

O incidente mudou a pauta da viagem de Colombo à Brasília. Originalmente, o principal objetivo da visita era o de estreitar os laços com a presidente. Na visão do governador, o fato de ele pertencer a um partido de oposição ao governo federal não impede que busque "somar forças". "A oposição tem um papel fundamental na democracia, de fiscalizar, apontar erros. Mas não pode ser contra tudo e contra todos", diz.

Colombo reuniu-se com o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho - que prometeu uma visita às áreas atingidas no Estado e a liberação de recursos para a reconstrução das áreas afetadas -, e teve audiência com o ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, que o apresentou Colombo à presidente Dilma.

Colombo venceu a eleição ainda em primeiro turno, com 52,72% dos votos, apoiado pela reedição de uma aliança que uniu DEM, PSDB e PMDB. Prefeito três vezes da cidade de Lages, no planalto serrano catarinense, foi deputado federal e antes de disputar o governo catarinense, exerceu mandato no Senado Federal. A entrada na política partidária teve o aval do ex-senador e ex-presidente do PFL (hoje DEM) Jorge Bornhausen, pouco antes de ele assumir o governo do Estado, em 1978. Líder do movimento estudantil, Colombo chamou a atenção de Bornhausen, que o convidou para integrar o antigo PDS.

Hoje, Colombo se diz mais afastado das discussões partidárias, mas diz que vem acompanhando as movimentações internas do DEM. "Minha ingerência política no partido será muito menor como governador do que quando era senador", afirma. O governador diz que tem conversado com o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, e que há chances de que ele permaneça na sigla.

"Em Santa Catarina, o DEM saiu muito fortalecido da última eleição. Agora, precisamos trabalhar por uma unidade", avalia. No Estado, a coligação encabeçada por Colombo está à frente de 200 dos 293 municípios. Esse bom resultado deve levar o Democratas a lançar candidatura à Prefeitura de Florianópolis. O nome mais cotado para disputar a prefeitura pelo partido é o do deputado estadual César Souza Júnior, atual secretário do Turismo, Cultural, Esporte e Lazer do Estado. Na última disputa, em 2008, Souza Júnior ficou em terceiro lugar, atrás do prefeito reeleito, Dario Berger (PMDB) e de Angela Albino (PCdoB), com cerca de 13% dos votos. Em outubro do ano passado, foi eleito com a segunda maior votação do Estado para a Assembleia Legislativa, com 63.723.

Eleito pelo DEM, Colombo vê possibilidades remotas de trabalhar em conjunto com a outra governadora do partido, Rosalba Ciarlini, do Rio Grande do Norte. Afirma ter boas relações com a colega, iniciadas e estreitadas no Senado, quando ambos exerciam seus mandatos, mas acha difícil que os dois possam encontrar demandas comuns de pressão sobre o Executivo federal.

Ele não descarta ações integradas com os outros dois Estados do Sul e imagina que o trabalho possa ser desenvolvido a partir do Conselho de Desenvolvimento e Integração Sul (Codesul). Colombo não dá sinais de que fará um governo combativo à presidente Dilma Rousseff, eleita pelo PT, apesar de demonstrar preocupação com obras de infraestrutura, principalmente as de rodovias federais, no Estado.

Ontem, o governador do DEM aguardava a sua primeira audiência com a petista em Brasília. Entre as principais obras que dependem dos recursos federais estão as duplicações das BR-101, BR-470 e BR-280. A intenção do governador é cobrar prazo da presidente na realização das obras.

Colombo não descarta estadualizar a BR-470, importante rodovia de ligação do Vale do Itajaí ao porto. A intenção do governador é tratar a obra, que ainda está em fase de projeto, como prioritária para o desenvolvimento estratégico da região.