Título: Crédito externo ao Brasil aumenta 1.447% em 2010
Autor: Moreira, Assis
Fonte: Valor Econômico, 28/01/2011, Finanças, p. C3

Os créditos externos para o Brasil foram 1.447% mais elevados entre janeiro e setembro de 2010 do que no mesmo período do ano anterior, numa ilustração também de como o país está atraindo capital estrangeiro e impacta na valorização do real. Dados do Banco Internacional de Compensações (BIS), espécie de banco dos bancos centrais, mostram que o financiamento externo para o país somou US$ 70,8 bilhões nos três primeiros trimestres de 2010, ante apenas US$ 4,5 bilhões no mesmo período de 2009.

Os dados do BIS sobre o dinheiro de fora que tomou o rumo do mercado brasileiro incluem todos os instrumentos, todas as moedas e todos os setores e foram ajustados pelo câmbio. Entre julho e setembro de 2010, o Brasil continuou a ser o emergente a mais obter crédito externo, depois da China. Foram US$ 27,9 bilhões, numa alta de 26,8% em relação ao trimestre de abril a junho, enquanto a China somou US$ 33,8 bilhões.

A evolução é significativa. Em 2006, o credito para o Brasil somou US$ 18,5 bilhões e cresceu forte para US$ 49,6 bilhões no ano seguinte. Com a crise global, o mercado secou em 2008 e o país sofreu retirada líquida de US$ 2,8 bilhões. Mas voltou a obter acesso ao crédito no ano seguinte, com os US$ 4,5 bilhões líquidos, quando globalmente ainda havia certa estagnação no setor financeiro.

Desde então, o BIS revela que entre janeiro de 2009 e setembro de 2010 o estoque total de financiamento externo para o Brasil cresceu 70,2%, pulando de US$ 140,9 bilhões para US$ 239,9 bilhões.

A exposição total dos bancos estrangeiros no Brasil, incluindo o crédito em moeda local pelas subsidiárias, alcançou US$ 447,7 bilhões no final de setembro, num aumento de de 5,6% em três meses.

A banca europeia domina com exposição de US$ 323,2 bilhões ao final de setembro, num crescimento de 10% em relação ao total de julho. Na liderança estão os espanhóis, com US$ 168 bilhões, com expansão de 6,7% comparado ao trimestre anterior. Os bancos norte-americanos tinham exposição de US$ 79 bilhões no país e os britânicos de US$ 76 bilhões no mercado brasileiro.

Globalmente, no terceiro trimestre de 2010 os financiamentos bancários para outros países cresceram US$ 624 bilhões, numa alta de 2,2%, depois de expansão de apenas 0,1% (US$ 10 bilhões) no segundo trimestre.

Em contraste com trimestres anteriores, o crédito bancário foi mais robusto em direção dos combalidos países desenvolvidos, enquanto os empréstimos externos para economias emergentes e centros "offshore" mantiveram seu crescimento.

O BIS registra uma forte reversão na moeda usada, com o dólar americano tendo atraído a maioria das novas operações em detrimento do euro, que continua submetido a forte pressão por causa da fragilidade de boa parte de suas economias. Os empréstimos de subsidiárias estrangeiras para residentes dos países onde atuam também cresceram significativamente. Os financiamentos externos e título de dívida da América Latina continuaram a aumentar em 9,8% e 11,2%, respectivamente. Na Ásia e Pacífico, a alta foi de 8% nos dois casos.