Título: Sarney deve ser reeleito no Senado
Autor: Ulhôa, Raquel
Fonte: Valor Econômico, 01/02/2011, Política, p. A11

O senador José Sarney (PMDB-AP) será reeleito hoje para seu quarto mandato como presidente do Senado, com apoio de todos os partidos da Casa, exceto o PSOL, que decidiu lançar candidatura própria de Randolfe Rodrigues (AP), 38 anos. O líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), deixou claro que não haverá rodízio em 2013, para entregar o comando da Casa ao PT. "Se for seguido o regimento, ele aponta nessa direção", disse o líder pemedebista em entrevista.

O PSOL, que tem apenas dois senadores - além de Randolfe, Marinor Brito (PA) -, não deu caráter de oposição a Sarney à candidatura própria. "A nossa candidatura não é de oposição e não é contra ninguém. O Senado tem que ser a Casa do debate, da diversidade, da pluralidade. Não pode ser espaço de unanimidade e monólogos", afirmou Randolfe, integrante do movimento dos "caras-pintadas" - jovens que foram às ruas em 1992 pedir o impeachment do então presidente Fernando Collor de Mello, hoje senador pelo PTB de Alagoas.

Ontem, véspera da posse dos novos parlamentares e da eleição das Mesas Diretoras da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, foi dia de intensa negociação entre os líderes partidários, para repartir os cargos de direção e as presidências das comissões permanentes para o biênio 2011-2012. Divergência em torno do critério de preferência de escolha impediram a definição da divisão do espaço.

O PT defendia que a regra da proporcionalidade para a preferência das escolhas das comissões deveria levar em conta o tamanho do bloco partidário e não do partido, como insistiam o PMDB e os partidos de oposição.

"Sempre fizemos a divisão das comissões e dos cargos da Mesa pela proporcionalidade dos partidos", afirmou Renan. Levando-se em conta o tamanho dos partidos, o PSDB tem direito à terceira escolha e apresentou como opção a Comissão de Infraestrutura - reivindicada também pelo PT, pelo próprio PMDB e até pelo PTB, que quer manter Collor no cargo.

Sem consenso quanto ao critério para a ordem das escolhas por partido, os líderes devem fazer um acordão, discutindo os interesses de cada legenda. O PSDB pode abrir mão da Comissão de Infraestrutura, (CI) em troca de duas menores.

A CI é responsável pelas sabatinas e aprovações das indicações para as agências reguladoras e fiscalização de obras de infraestrutura. O governo não quer vê-la sob comando da oposição. No PT, Lindberg Farias (RJ) postula o cargo. O candidato do PMDB é Eduardo Braga (AM).

O PSDB tem direito à terceira escolha na lista de preferências, com base na proporcionalidade partidária, atrás do PMDB - que terá Eunício Oliveira (CE) na presidência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), a mais importante - e do PT, que optou pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) - disputam Delcídio Amaral (MS) e Eduardo Suplicy (SP), que devem fazer acordo de rodízio.

O Senado será presidido por Sarney e terá um petista na vice-presidência. Estão disputando Marta Suplicy (SP) e José Pimentel (CE), que também farão rodízio de um ano cada. Hoje, eles decidem quem será o primeiro. Para a primeira secretaria, cargo mais importante da burocracia da Casa, o PSDB indicou Cícero Lucena (PB).