Título: Casos de hepatite A triplicam na década
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Fonte: Correio Braziliense, 31/07/2010, Cidades, p. 34

Passou de 99, em 2000, para 300, em2009, o número de diagnósticos na capital federal. Em 10 anos, 4.736 pessoas foram diagnosticadas com a moléstia

Estudo do Ministério da Saúde revelou que triplicou o número de diagnósticos anuais de hepatite A nos últimos 10 anos no Distrito Federal. Em 2009, foram identificados 300 casos, contra 99 em 2000. No período, 4.736 pacientes foram diagnosticados com a doença na capital federal. Apesar do crescimento do índice, a médica infectologista e chefe do Núcleo de Hepatites Virais, Sônia Geraldes, garante que o resultado não é ruim. Apenas mostra que aumentou o número de diagnósticos.

De acordo com a infectologista, o diagnóstico da hepatite A é mais fácil, porque o paciente apresenta sintomas. A hepatite A é mais aguda. A pessoa apresenta dores abdominais, mal estar e cor da pele amarelada. Quando o paciente tem hepatite B e C é onde fica o perigo, explica. A hepatite B é transmitida, principalmente, pela relação sexual. Em 2000, 67 casos foram confirmados. Em 2009, eles somaram 191. Não houve registros confirmados de hepatite C em 1999, mas 10 anos depois, ocorreram 155 notificações .

A chefe do Núcleo de Hepatites Virais explica que isso acontece, primeiro, porque a hepatite C foi descoberta em 1989 e começou a ser conhecida em 1993. Não dá para dizer que, em 1999, não existiam casos de hepatite C. Isso só mostra que os casos não eram diagnosticados. São doenças silenciosas, mas com o tempo passou-se a conhecer mais delas, diz. Para ela, quando o índice não aponta casos mostra que há problema no sistema de vigilância. As hepatites têm sido consideradas problemas do sistema público de Saúde, afirma Sônia Geraldes, ao lembrar a importância do diagnóstico. Muita gente tem as hepatites silenciosas e, se for diagnosticada com antecedência, pode descobrir antes de ter uma cirrose ou até um câncer.

Orientação De acordo com a Sônia Geraldes, a falha das pessoas está na falta de informações. As pessoas confundem muito as hepatites. Existem várias e de maneiras diferentes, com tratamento e prevenções diversas, explica. A médica dá dicas para não confundir as doenças. A hepatite A é transmitida de forma oral e está ligada a medidas de higiene. Já a hepatite B é transmitida, principalmente, por relações sexuais. Mas os pacientes podem se vacinar e também utilizar medidas de prevenção. Já a hepatite C só pode ser descoberta com o diagnóstico precoce. É recomendável que aqueles que fizeram uma transfusão de sangue em 1993, utilizaram drogas alguma vez na vida, fizeram piercings e tatuagens procurem os hospitais para se informar, afirma.

Sônia explica, também, que o fato de muitas pessoas não terem se vacinado complica a situação. A hepatite B precisa da vacina e muitas pessoas não estão imunizadas contra a doença, afirma. Pessoas com menos de um a 19 anos podem ser imunizadas. A expectativa do Ministério é de que, em 2011, a vacinação possa ser estendida para pessoas com até 24 anos e, em 2012, até 29. É preciso destacar que de 11 a 19 anos a cobertura é muito baixa e a vacina precisa de três doses, explica.

Para Sônia, um possível crescimento contínuo dos índices pode ser visto como uma boa notícia. Ficaria feliz em ver o número aumentando, porque indica que muitas pessoas foram diagnosticadas previamente, o que pode prevenir uma cirrose ou até um câncer, finaliza.