Título: Ressarcimento é problema pequeno, diz ANS
Autor: Agostine, Cristiane; Máximo, Luciano
Fonte: Valor Econômico, 03/02/2011, Brasil, p. A4

Depois de duas quedas sucessivas nos ressarcimentos dos planos de saúde, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) espera receber mais de R$ 20 milhões do setor em 2011. A recuperação começou em 2010 - no segundo semestre, a agência conseguiu receber das administradoras R$ 14,18 milhões, número três vezes maior do que o arrecadado no ano anterior: em 2009, foram R$ 4,66 bilhões e, em 2008, R$ 10,46 milhões

Maurício Ceschin, diretor-presidente da ANS, explica que, em 2010, foi montado um novo sistema de cobrança, com 89 servidores temporários, para tratar do passivo de cinco anos. "Quando cheguei aqui, a equipe tinha apenas 30 pessoas", conta o diretor. Devido ao atrasado volume de pedidos, em 2009 não houve nenhuma nova notificação e foram cobrados apenas R$ 15,9 milhões. Com os temporários, o número de notificações subiu para R$ 478 milhões em 2010 e o cobrado para R$ 41,61 milhões. Com isso, ele espera que o passivo, atualmente está em três anos, esteja finalizado em 2012.

Ceschin explica que o sistema do SUS é bem diferente do das empresas privadas, o que dificulta as cobranças. O sistema único tem três programas diferentes, um que cadastra o atendimento, outro arquiva quem foi atendido e há um terceiro para o valor. "Cada atendimento tem que ser verificado um a um. E temos 22 filtros diferentes: um, para ver se o cliente é mesmo paciente do plano, se não está em carência, se tem cobertura para o procedimento e assim vai".

Ceschin informa que apenas os atendimentos de internação são cobrados e diz que para os ambulatoriais de alta-complexidade nunca houve um único pedido o ressarcimento. Para o executivo da ANS, o problema do ressarcimento não é o principal do SUS. "Sou plenamente a favor do ressarcimento, mas ele não representa 1% dos gastos com saúde no país", critica. "As operadoras gastam com sinistros R$ 60 bilhões por ano. Se o ressarcimento chegar a R$ 100 milhões, não tem relevância na solução dos problemas da saúde pública".

Hoje, 24% da população e assistida pelos planos de saúde. Mas o diretor conta que há Estados, como o Acre, onde só 3% da população tem algum convênio médico.