Título: China fornece insumos a 21% das indústrias do Brasil, diz CNI
Autor: Ribeiro, Alex
Fonte: Valor Econômico, 04/02/2011, Brasil, p. A2
Entre 2006 e 2010, 45% das indústrias brasileiras expostas à concorrência com importados chineses perdeu participação no mercado doméstico. A competição é mais acirrada na disputa pelo comércio internacional. Das indústrias exportadoras do país, 67% perdeu clientes e consumidores no exterior para fornecedores da China. Na disputa entre indústrias dos dois países, o preço é o elemento determinante, reforçado pela elevada escala de produção e baixos custos chineses.
Os dados fazem parte de um relatório sobre grau de competição entre empresas fabris do Brasil e da China elaborado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) a partir de pesquisa com 1.529 empresas de diferentes portes.
A enquete constatou ainda que 21% das empresas consultadas importaram matéria-prima ou insumos da China e que 32% dessas companhias pretendem ampliar essas aquisições. Também foi verificado que 10% das grandes empresas brasileiras abriram fábricas em território chinês para atender clientes no Brasil e no exterior. Essas unidades de produção estão concentradas nos subsetores automotivo, de máquinas, de material elétrico, de material eletrônico e de comunicação.
No mercado interno, a concorrência dos importados chineses é maior com as grandes empresas, embora sejam as pequenas e médias as mais suscetíveis aos danos decorrentes dessa competição.
Ao apresentar a pesquisa, o gerente da Unidade de Pesquisa da CNI, Flávio Castelo Branco, analisou que o câmbio valorizado agrava a concorrência, embora as condições de infraestrutura e de custos de produção no país também contribuam para a perda de competitividade por parte das indústrias brasileiras. "O preço médio dos produtos chineses é significativamente mais baixo que o brasileiro", afirmou.
Para a CNI, a administração da presidente Dilma Rousseff deveria nortear a política econômica pelo princípio da competitividade. Com isso, os industriais querem que o governo reduza a dependência do controle da inflação da política monetária, para evitar que a elevação da taxa Selic, em ciclos de aumento dos juros básicos, amplie o diferencial de juros e atraia capitais estrangeiros, levando a uma valorização maior do real.