Título: Sucesso dos leilões atrai fornecedores estrangeiros
Autor: Borges, André; Veloso,Tarso
Fonte: Valor Econômico, 08/02/2011, Empresas, p. B8

De Brasília

A movimentação das multinacionais fabricantes dos grandes aerogeradores em todo o país é o reflexo mais imediato do que tem ocorrido no mercado de geração eólica. A indústria do vento já trouxe para o país investimentos pesados de companhias globais como a alemã Wobben, a argentina Impsa, a americana GE Energy, a francesa Alstom e espanhola Gamesa. Também estão com projetos na prancheta ou em andamento a Suzlon, da Índia; a Siemens, da Alemanha, e a Vestas, que tem matriz na Dinamarca. Esta última, conforme apurou o Valor, fechou contrato para fornecer 40 turbinas com 90 MW de potência para projeto da Brennand Energia, sócia da Chesf em parques que serão instalados no semi-árido da Bahia, com investimento total de R$ 360 milhões.

A migração dessas empresas para o Brasil está amarrada em grandes contratos já firmados com geradores. Em julho, a Alstom fechou um contrato de ¿ 100 milhões com a empresa brasileira de geração de energia renovável Desenvix, subsidiária do grupo Engevix, para a construção de um complexo de 90 MW na Bahia. O acordo resultou na construção de uma fábrica onde serão investidos R$ 50 milhões. Roberto Miranda, diretor de desenvolvimento de negócios da Alstom, afirma que a meta da empresa é que seus equipamentos cheguem a 70% de nacionalização até 2013.

A Suzlon, terceira maior empresa do mundo em potência instalada, pretende gerenciar a produção de 1.000 MW no país até o primeiro semestre de 2012. A empresa opera, atualmente, 11 usinas que produzem 388 MW e foi contratada pela Martifer Renováveis Geração de Energia para construir e operar 104 torres, que vão gerar 218 MW ao custo de R$ 700 milhões. Outro contrato será assinado com quatro empresas para a geração de mais 400 MW a um custo de até R$ 1,3 bilhão. "Esperamos que o primeiro contrato seja assinado até o fim deste mês e mais dois até meados de abril", comenta Arthur Lavieri, presidente da empresa no Brasil. A nova usina poderá ser construída nos Estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba ou Piauí.

A Suzlon vai construir uma fábrica de pás eólicas com investimento de R$ 30 milhões, gerando 200 empregos diretos, mas o local ainda não foi definido. A produção será de 100 geradores (300 pás) anuais. "Estamos avaliando três cidades do Nordeste e outra fora da região. Alguns componentes, como torres, fundação, painéis elétricos e proteções já são fabricadas no país", diz Lavieri.

No Brasil, a GE Energy já investiu R$ 150 milhões em equipamentos, treinamentos e desenvolvimento de equipamentos eólicos. A expectativa é que sejam investidos mais R$ 500 milhões nos próximos anos. "A energia eólica está consolidada mundialmente. No Brasil, o crescimento está ajudando a diversificar a matriz e a nossa ideia é trazer os melhores equipamentos", afirma Marcelo Prado, diretor de marketing da GE Energy para a América Latina.

Nos últimos dois leilões, foram ofertados 3,8 GW. Desses, a GE vai assumir 1,1 GW. "Enquanto alguns dos clientes estão em processo de financiamento dos recursos e em busca de licenças ambientais, nós estamos fabricando", disse Prado. Nos próximos dois anos, essa demanda vai gerar receita de US$ 1,5 bilhão para a GE. A meta, segundo Prado, é produzir equipamento 100% nacional.

Na Impsa Wind, o gerente comercial da empresa, Paulo Ferreira, diz que a fábrica dos aerogeradores está sendo ampliada com investimentos de R$ 150 milhões. Atualmente são produzidos 400 equipamentos por ano. A expectativa é chegar a 666 até o ano que vem. Grande parte da produção será direcionada para contratos com empresas do grupo, vencedores dos últimos leilões. A expectativa da companhia é que sejam instalados mais 900 MW até o fim de 2012. A empresa também vai investir R$ 110 milhões para desenvolver um modelo voltado para o mercado brasileiro. "Queremos exportar o excedente para América do sul e Ásia. Temos contrato com o Uruguai, Argentina, Venezuela e Vietnã."

A Wobben tem 412 MW instalados, com plano de chegar a 1 GW até o fim de 2012. Atualmente, duas fábricas produzem 500 MW em equipamentos por ano. "Já temos contratos que nos permitem atingir esse patamar", diz Eduardo Leonetti Lopes, superintendente comercial da Wobben. A empresa está construindo uma fábrica de torres de concreto no Rio Grande do Norte. (AB e TV)