Título: Oposição critica interferência de Lula no debate
Autor: Oliveira, Ribamare; Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Valor Econômico, 09/02/2011, Brasil, p. A5

A oposição criticou ontem a declaração do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a negociação entre o governo e as centrais sindicais acerca do valor do novo salário mínimo. Anteontem, em Dacar, onde participa do Fórum Social Mundial, Lula classificou as centrais de "oportunistas" e cobrou que elas cumpram o acordo feito em seu governo, em que o reajuste é auferido a partir da soma do PIB de dois anos anteriores com a inflação do ano anterior.

Para integrantes do PSDB e do DEM, a fala do petista atrapalhou o diálogo em torno do novo valor do mínimo. "O ex-presidente tinha sinalizado que iria evitar dar palpites para não atrapalhar. Além de ele não ter dado o reajuste necessário em seu governo, não quer que ele seja dado agora e quer impedir ainda as centrais de reivindicar", afirmou o líder do PSDB na Câmara, Duarte Nogueira (SP). Para ele, Lula "pode até discordar das centrais, mas é inoportuno interferir no processo agora". "Acabou prejudicando a relação do governo no diálogo com as centrais", disse.

O líder do Democratas, ACM Neto (BA), disse que as declarações de Lula o colocam em contraposição com sua base histórica. "O presidente mostra que não desencarnou do cargo e agora já conflita com sua própria base sindical", afirmou.

Ele propôs ontem a criação de uma comissão geral que discuta em plenário o melhor valor para o salário mínimo. "Muito melhor do que o Lula bater boca com as centrais é sentarmos todos os interessados e negociar".

Os partidos governistas, porém, avaliaram ser positiva a intervenção de Lula. "O ex-presidente Lula é uma figura qualificadíssima para opinar sobre os assuntos do país. Mais ainda nesse caso em específico, pois foi ele quem acordo com as centrais. Agora, ele apenas cobrou coerência delas", disse o líder do PT, Paulo Teixeira (SP).

Ele disse ter compreendido que o que Lula cobrou foi coerência das centrais. "Mas é evidente também que sua cobrança reforça a necessidade de ser aprovado um plano de longo prazo de valorização do mínimo, com regras definidas."