Título: Veto às coligações eleitorais tem o apoio dos líderes de 326 deputados
Autor: Klein, Cristian
Fonte: Valor Econômico, 10/02/2011, Especial, p. A14

De São Paulo

Apesar da discordância em relação ao sistema eleitoral, três propostas encontram amplo apoio dos deputados.

Mesmo legendas pequenas, potenciais beneficiárias das coligações eleitorais, como PSOL e PV, se disseram a favor do fim das alianças. O bloco favorável soma 326 deputados. Foram contra apenas PCdoB, PTdoB, PRB, PDT e PSB. O líder do PT, Paulo Teixeira, afirmou que o projeto da lista fechada não está associado ao fim das coligações, que poderiam permanecer.

Outro ponto mais consensual, o financiamento de campanha exclusivamente público é defendido por todos que apoiam a lista fechada, quase como consequência dela. Mas opções pelas quais políticos receberiam recursos do Estado também são apontadas por quem é contra a lista preordenada. O líder do PR, Lincoln Portela, defende um modelo facultativo: cada partido optaria ou pelo financiamento público ou pelo privado. Giovanni Queiroz (PDT) vai longe e sugere modelo que combinasse ambos.

"O Estado poderia dar R$ 100 mil para a campanha de cada candidato a deputado federal e criaria-se um teto até onde o candidato buscaria recursos privados", diz.

A criação de um período determinado, uma "janela", para a troca de partido tem apoio quase unânime - o que demonstra que o ponto deve ser prioritário na agenda de votação. A queixa dos parlamentares é que o TSE teria criado uma "camisa de força" para a classe política. Só o PSC é contrário.

Na consulta feita pelo Valor, o líder do partido, Ratinho Júnior, foi o mais intransigente em relação à fidelidade partidária.

"A curto prazo, poderia ser maravilhoso para o PSC, mas a longo prazo sou totalmente contrário. Também pode perder muita gente no futuro", afirma.

Isso mostra que o Partido Social Cristão mudou da água para o vinho. Depois que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) estabeleceu, em 2007, que o mandato pertence ao partido e não ao político, a legenda foi a única a ajuizar uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) no Supremo Tribunal Federal contra a decisão do TSE.

Hoje, o PSC é a favor da lista fechada, do financiamento público de campanha e da fidelidade partidária. A explicação? Se antes o partido era um minúsculo e potencial beneficiário das regras mais permissivas que permitiam o troca-troca de partido, hoje se vê numa posição de proteger o patrimônio conquistado. É a sigla que mais cresceu nas últimas três eleições, passando de um para 17 deputados. (CK)