Título: Eliseu Padilha é indiciado pela Polícia Federal
Autor: Bueno, Sérgio
Fonte: Valor Econômico, 16/02/2011, Política, p. A6

De Porto Alegre O ex-deputado federal Eliseu Padilha (PMDB-RS) foi indiciado ontem por crime em licitações e formação de quadrilha, depois de prestar depoimento na superintendência da Polícia Federal em Porto Alegre. Ele vinha sendo investigado pela PF devido à suspeita de tentativa de favorecimento a uma empreiteira nas concorrências para as obras das barragens de Taquarembó e Jaguari, no Rio Grande do Sul, que estão sendo construídas com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal a um custo total estimado em R$ 137,2 milhões.

Padilha foi ouvido pelo delegado Aldronei Rodrigues, titular da Delegacia de Repressão a Crimes Fazendários. A PF, porém, não quis comentar o assunto, pois a investigação - um desdobramento da chamada "Operação Solidária", que iniciou em 2007 a partir da apuração de desvios de recursos na compra de merenda escolar em Canoas (RS) - corre em segredo de Justiça.

Durante o inquérito original, gravações telefônicas autorizadas pela Justiça flagraram, em 2008, conversas entre o então deputado federal e o empreiteiro Marco Antônio Camino, dono da MAC Engenharia, interessado em participar das licitações. A partir daí, a PF passou a investigar eventual tentativa de direcionamento da licitação a favor do empreiteiro, de quem Padilha disse, em 2009, ser amigo "há muitos anos", conforme entrevista à época ao jornal "Zero Hora".

O ex-deputado afirmou ontem que o empreiteiro lhe telefonou apenas para "pedir informações" sobre as concorrências. "A Polícia Federal entendeu que teria havido tentativa de ajudar a MAC", explicou. Segundo ele, porém, a empresa foi inabilitada e, portanto, "não havia como influenciar a favor ou contra" ela. O ex-parlamentar acrescentou que o inquérito não inclui nenhuma "fala" entre ele e qualquer representante do governo estadual à época (da ex-governadora Yeda Crusius, do PSDB), responsável pela organização da licitação.

"Respeito (a decisão da PF), mas discordo veementemente porque inexiste o fato", afirmou Padilha. O ex-deputado foi ouvido pela PF poucos dias depois de perder a imunidade parlamentar, em primeiro de fevereiro, pois até então só poderia ser convocado a depor com autorização do Supremo Tribunal Federal (STF). Ele disse ainda que se o Ministério Público Federal, a partir do indiciamento, decidir pelo oferecimento da denúncia e o caso for a juízo, irá provar que as acusações são "absolutamente improcedentes".