Título: País quer manter controle de capitais
Autor: Moreira, Assis
Fonte: Valor Econômico, 16/02/2011, Internacional, p. A13

De Paris

O Brasil não aceitará limitar sua capacidade para frear a entrada de capital externo, como devem propor alguns dos principais países desenvolvidos no G-20 esta semana em Paris.

O Deutsche Bank projeta que haverá manutenção de níveis recordes de fluxos de capitais para os emergentes pelos próximos dois anos pelo menos.

O fluxo médio pode ser de US$ 900 bilhões anual, com o "hot money" aumentando de 10% a 20% do total do capital, segundo o banco alemão.

O Brasil não quer perder a liberdade que dispõe para frear entrada de capital, que faz o real valorizar. Mas o país não será puramente defensivo no G-20. Brasília sinaliza que quer se engajar no debate a gestão de fluxos de capitais. O Brasil, afinal, foi o país que levou o tema ao grupo e vai presidir, com a Alemanha, o debate este ano.

Mas há outras percepções do problema. A França, na presidência do G-20, sugere que seja reforçada a capacidade de vigilância do Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre o tema, emendando seu estatuto para restringir controle de capital.

O Brasil vê, porém, como altamente prematuro discutir emenda no acordo do Fundo, diante do pobre conhecimento sobre os fluxos de capitais internacionais e as posições de seus técnicos. Certos negociadores temem que a abordagem multilateral que está sendo proposta faça o FMI se concentrar em tentar impor regras para os países que recebem capitais, que são os emergentes como o Brasil, e minimizar as distorções geradas pelos montantes de recursos enormes e instáveis. (AM)