Título: Microcrédito no país tem baixa concessão
Autor: Ragazzi, Ana Paula
Fonte: Valor Econômico, 15/02/2011, Finanças, p. C8

O microcrédito no Brasil ainda caminha a passos curtos. O estoque total de concessões atingiu R$ 2,373 bilhões em outubro do ano passado, último dado divulgado pelo Banco Central (BC). Desse total, a maior parte, R$ 1,447 bilhão, é destinada ao financiamento do consumo da população de menor renda. A parcela destinada ao chamado microcrédito produtivo soma saldo ainda menor, de R$ 925,682 milhões.

O volume poderia ser maior, já que os bancos são obrigados, por lei, a destinar 2% do volume dos depósitos à vista para a concessão de microcrédito. Sem conhecimento desse mercado e com medo da inadimplência, as instituições financeiras usam apenas 75%, em média, do total exigido pelo BC. Eles preferem repassar esses recursos para outros bancos, especialmente os públicos, como o Banco do Nordeste, ou mesmo deixar o dinheiro parado, sem rendimento.

Em média, são concedidos pelos bancos cerca de R$ 113 milhões por mês em microcrédito ao consumo e outros R$ 189 milhões em empréstimos aos microempresários. São quase 980 mil de contratos fechados todo mês, com tíquete médio de R$ 310 para o consumo e de R$ 1.384 para o setor produtivo, segundo dados do BC de 2010. O prazo médio é de um ano para consumo e de seis meses para os microempreendimentos.

Um alento está nas taxas de crescimento. O estoque em outubro era 60% superior ao patamar do mesmo mês de 2009. O avanço das linhas para consumo foi de 65%, enquanto o saldo do microcrédito produtivo teve expansão de 50%.