Título: Região integra o polígono da maconha
Autor: Borges, André
Fonte: Valor Econômico, 22/02/2011, Especial, p. A16
De Cabrobó e Floresta
A movimentação das empreiteiras e do Exército nas margens do rio São Francisco tem mexido com a rotina de uma das práticas que já renderam a Cabrobó e Floresta o título de um dos locais mais perigosos do país. As duas cidades fazem parte do chamado "polígono da maconha", uma área de mais de 60 mil km2 que, com mais uma dúzia de pequenos municípios do oeste de Pernambuco, é utilizada para o plantio de pés de maconha e o tráfico da erva. O local preferido dos plantadores são as inúmeras ilhas do São Francisco. Como a planta cresce rapidamente e os locais são de difícil acesso, o controle é difícil.
Entre as rodovias BR 428 e BR 316, que ligam as cidades de Cabrobó e Floresta, sempre foi comum a ocorrência de troca de tiros e assaltos. O próprio Exército evita circular na região durante a noite, já que costuma trafegar por ali em viaturas não camufladas.
A reportagem transitou pela região durante o dia e à noite em uma dessas viaturas do Exército, mas o próprio Batalhão Militar achou prudente que o carro também fosse escoltado por uma viatura da Polícia Militar. "Nunca tivemos ocorrências envolvendo nosso batalhão, mas não se deve facilitar as coisas", diz o coronel Marcelo Guedon, comandante do batalhão que atua nas obras em Cabrobó.
Com as obras da transposição e o aumento de pessoas circulando na região, o policiamento foi reforçado, dificultando as ações dos traficantes. Mas os negócios com a maconha não foram interrompidos. Há duas semanas, uma mulher foi presa em Cabrobó numa blitz, transportando dez quilos da droga. Os tabletes foram encontrados na bolsa da mulher, que seguia em um ônibus para Recife. No fim do ano passado, a Polícia Militar encontrou 13 mil pés de maconha em uma ilha do São Francisco. A plantação foi incinerada. (AB)