Título: Governo recompensa PMDB por fidelidade
Autor: Lyra , Paulo de Tarso
Fonte: Valor Econômico, 18/02/2011, Política, p. A6

O governo vai recompensar a fidelidade do PMDB na votação do salário mínimo na Câmara antes da apreciação do projeto pelo Senado, marcada para a quarta-feira que vem. O Valor apurou que a primeira leva de nomeações será feita nos bancos públicos, com a confirmação de Geddel Vieira Lima (BA) para a vice-presidência de crédito para pessoa jurídica da Caixa Econômica Federal, José Maranhão (RN) para a vice-presidência de fundos de governo e loterias da Caixa e Orlando Pessuti (PR) para a diretoria de agronegócios do Banco do Brasil.

Outros nomes do partido também devem ser confirmados posteriormente, como o do deputado Rocha Loures (PR) para uma das diretorias da Itaipu e Iris Rezende (GO) para a Superintendência de Desenvolvimento do Centro Oeste (Sudeco). O Planalto quer recompensar um resultado que surpreendeu até mesmo os articuladores políticos do PMDB. Depois do embate com o partido em torno do setor elétrico, principalmente com o desgaste na sucessão da presidência de Furnas, o vice-presidente Michel Temer sabia que a votação do salário mínimo era a chance para o partido redimir-se perante à presidente Dilma Rousseff.

Mas uma votação unânime - 77 votos favoráveis ao governo - foi além das expectativas. Tanto que o governo cedeu em alguns pontos e revisou outros para compensar o partido. O retorno de Geddel ao governo era dado como certo, mas a indicação de Maranhão para uma segunda vice-presidência da Caixa era vista com ceticismo. No Planalto, a explicação era que o PMDB tinha apenas uma vice-presidência na gestão de Luiz Inácio Lula da Silva.

Por isso, não haveria justificativa política para indicar um segundo pemedebista para a Caixa. Mas o PMDB mostrou que Antonio Carlos Brito, ex-vice presidente para pessoa jurídica, também estava na cota do partido. Depois do apoio maciço para o mínimo de R$ 545, não houve como o Planalto discordar.

A nomeação de Pessuti para a diretoria de agronegócios do BB também foi uma construção conjunta. Pessuti tem crédito com Dilma e o PT, já que abriu mão de disputar o governo do Paraná para apoiar o pedetista Osmar Dias. O problema é que o senador Roberto Requião (PR) considerou o gesto de Pessuti uma traição e fez chegar aos articuladores políticos do governo que não pediria nenhum cargo desde que seu desafeto também não fosse nomeado para o segundo escalão federal.

Mas Pessuti tem o apoio da cúpula partidária e Dilma considera ter com ele uma dívida de gratidão por viabilizar uma coalizão de partidos na disputa para o governo paranaense. Para atender a demanda e não melindrar Requião, Rocha Loures - bem quisto por Requião - deverá ser indicado para uma das diretorias de Itaipu.

O engajamento de parte do PDT no apoio ao mínimo de R$ 545, embora tardio, também garantiu uma sobrevida para o ministro do Trabalho, Carlos Lupi. Na votação do destaque do DEM, que propunha o valor de R$ 560, o partido deu 16 votos favoráveis ao governo, ante uma presença de 26 parlamentares. O resultado foi ainda mais expressivo no destaque dos tucanos para os R$ 600 - 20 votos. Lupi reconquistou o direito de nomear o segundo escalão de sua Pasta, mas isso será feito em outro momento. "Ele escapou, mas a relação continua arranhada", disse um assessor de Dilma.

Ontem, também, foi dia de o PSB cobrar a sua fidelidade. Uma comissão do partido reuniu-se com o chefe da Casa Civil, ministro Antonio Palocci, para reclamar que as indicações da legenda para o ministério beneficiaram apenas os governadores. Ficou acertado que a bancada escolherá nomes para a diretoria da Chesf.