Título: Partidos da base apresentarão queixas para Dilma
Autor: Romero, Cristiano; Costa, Raymundo
Fonte: Valor Econômico, 01/03/2011, Brasil, p. A4

Na sua primeira reunião com os líderes dos partidos da base governista, marcada para amanhã, a presidente Dilma Rousseff receberá queixas sobre os cortes do orçamento da União referentes às emendas parlamentares (R$ 18 bilhões dos R$ 50 bilhões detalhados ontem), que já haviam sido atingidas pelos vetos presidenciais (R$ 1,8 bilhão).

O líder do PT na Câmara dos Deputados, Paulo Teixeira (SP), fará duas reivindicações. A primeira é que parlamentares no exercício do mandato tenham prioridade na aplicação dos recursos destinados a emendas que foram preservadas (cerca de R$ 3 bilhões). O segundo é que, não sendo possível manter a emenda, o governo faça algum investimento na cidade ou no programa aos quais ela era destinada.

"Vamos lutar para que os valores das emendas sejam preservados. Se não for possível, vamos conversar com o governo para que o deputado mantenha o compromisso que assumiu com as cidades, principalmente as pequenas. Tem como, nos programas existentes, contemplar esses municípios", afirmou Teixeira. O petista admite que está recebendo muitas reclamações de deputados da base e que amanhã vai apresentar a Dilma as "reivindicações". Ele afirma que o partido defende o ajuste fiscal do governo e reconhece que o corte preservou a área social.

O líder do PMDB na Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves (RN), foi cuidadoso ao comentar os cortes, que atingem ministérios comandados pelo PMDB, como Turismo e Agricultura, Pecuária e Abastecimento. O pemedebista espera de Dilma informações que expliquem o "contingenciamento". E aposta numa "conversa mais amadurecida com o governo".

A posição do PMDB, segundo Henrique Alves, é de "compreensão". Mas ele deixa claro que o partido espera que, ao longo do ano, os recursos sejam liberados. "Não foi um corte, foi um contingenciamento. Foi mais do que se esperava, mas vamos entender que é uma situação emergencial e o governo não faria isso por simples vontade de fazer. É uma necessidade orçamentária que se impõe", disse.

Cauteloso, o líder pemedebista afirma que o partido não se sentiu especialmente atingido. "Não é uma coisa dirigida para partido A, B ou C. Foi uma análise conjuntural, em que alguns ministérios foram mais atingidos outros menos", disse. Ele nega que haja risco de reação dos parlamentares aos cortes das emendas.

O deputado Daniel Almeida (PC do B-BA) defende uma mudança na política macroeconômica e prevê reação dos parlamentares ao corte das emendas, mas diz que o partido também não se considera mais vítima dos cortes, pelo fato de o Ministério do Esporte ter sofrido um corte de 64%. Ele atribui os maiores cortes aos ministérios que receberam volume mais expressivo em emendas parlamentares. "Se não mudarmos a política macroeconômica, vamos fazer corte, corte e corte e os danos à economia serão muito graves", disse.