Título: Redução no "Minha Casa" surpreende construtoras
Autor: Romero, Cristiano; Costa, Raymundo
Fonte: Valor Econômico, 01/03/2011, Brasil, p. A4

As construtoras foram pegas de surpresa com o anúncio do corte de R$ 5 bilhões no programa Minha Casa, Minha Vida. Segundo o vice-presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins, o ministro das Cidades, Mário Negromonte, comprometeu-se a apresentar amanhã resultados mais detalhados da execução do programa, que mostrem que o corte neste ano não afetará as metas de contratação.

"O ministro argumentou que havia R$ 7,6 bilhões de sobra do orçamento de 2010, que seriam usados neste ano. O que sobrar, será pago em 2012", disse Martins. Dessa forma, avalia, o corte de R$ 5 bilhões não seria sentido.

Como efeito do anúncio do corte, houve queda ontem nas ações das construtoras que investem no programa. Por coincidência, as empresas abertas da construção tinham agenda marcada com o ministério no fim da tarde. "Não mudamos nenhuma meta, houve apenas uma adequação do orçamento, segundo o ministro", disse Rubens Menin, presidente da MRV.

Um dos problemas citados pela ministra do Planejamento, Miriam Belchior, é que o projeto de lei que garante a continuidade do programa ainda não foi aprovado pelo Congresso. A previsão é que e seja votado entre abril e maio, o que compromete as contratações de moradias além da meta da primeira fase do programa para zero a três salários mínimos, que depende integralmente de recursos do orçamento. "Precisamos estudar esse corte mais a fundo para entender se estamos falando apenas de sobras do orçamento anterior. O governo tem grande apreço por esse programa, e não teria por que prejudicá-lo", diz Martins.

Para Augusto de Almeida, da construtora Mudar, que atua na faixa de três a dez salários mínimos, a medida não deve afetar os investimentos. "Dependemos menos do subsídio, e temos os recursos garantidos para financiamento", disse Almeida.