Título: Protesto em Omã atinge distrito em que a Vale investe
Autor: Chazan, Guy
Fonte: Valor Econômico, 01/03/2011, Internacional, p. A15

Agências internacionais

Novos confrontos ocorreram ontem entre a polícia de Omã e manifestantes no importante distrito industrial de Sohar, a noroeste de Mascate, a capital do país. Pelo menos dois manifestantes morreram por causa da repressão. A brasileira Vale tem investimentos no distrito.

Os manifestantes pedem empregos, melhores salários e mudanças em alguns ministérios, no gabinete comandado pelo sultão Qaboos bin Said Al Said, que está no poder desde 1970.

O sultão trocou seis ministros, elevou o salário mínimo e aumentou benefícios para estudantes, além de ordenar que o governo empregasse mais 50 mil pessoas.

"O regime está neste momento um passo atrás do que o povo quer", disse Marc Valeri, palestrante de economia política do Instituto de Estudos Árabes e Islâmicos da Universidade de Exeter, no Reino Unido. "Os manifestantes não consideram as medidas adotadas na semana passada satisfatórias."

"Em Omã, o desafio não é ao sultão ou ao regime", disse Mustafa Alani, diretor de estudos de segurança do Centro de Pesquisas do Golfo, em Dubai. "Na semana passada, os manifestantes estavam gritando "longa vida ao sultão"", mas eles creem que alguns funcionários são corruptos."

A Vale está construindo um complexo industrial no país exatamente no distrito industrial de Sohar. O empreendimento da Vale, estimado em US$ 1,3 bilhão, tem como sócio minoritário o governo de Omã, com 30%. A joint-venture foi anunciada em maio do ano passado.

O complexo terá duas unidades de pelotização, com capacidade de produção de 4,5 milhões de toneladas anuais cada uma e um centro de distribuição com capacidade para movimentar 40 milhões de toneladas anuais do produto.

O projeto da Vale terá ainda um terminal portuário de águas profundos que está sendo operado pela Sohar Industrial Port Company e pela empresa brasileira. A empresa assinou também um acordo de longo prazo com a Omã Shipping Company para construção de quatro navios com capacidade de 400 mil toneladas cada, que serão dedicados ao transporte de minério para as pelotizadoras.

Procurada pelo Valor, a assessoria de imprensa da Vale disse que nada tinha ainda a informar.

(Colaborou Vera Durão, do Rio)