Título: Perfil peculiar pode amenizar saques
Autor: Lucchesi, Cristiane Perini; Pinto, Lucinda
Fonte: Valor Econômico, 16/03/2011, Finanças, p. C1

O perfil peculiar do investidor japonês que aplica no Brasil contribui para reduzir a chance de uma fuga desse capital. Diferentemente do investidor americano - majoritariamente institucional e, portanto, bastante sensível ao noticiário -, são pessoas físicas que têm enviado seu dinheiro para ativos brasileiros. "Esse investidor é de varejo, tem mais de 60 anos e, como não opera muito no mercado, tende a ficar com seus investimentos por um prazo muito longo", explica o estrategista da Nomura Securities, Tony Volpon.

Essas características amenizaram a reação no auge da crise de 2008, lembra Volpon. "Naquela ocasião, houve saques líquidos do Brasil por parte dos japoneses somente no mês de outubro. Em seguida, houve apenas a interrupção das compras", diz. "Claro que são eventos completamente diferentes, mas é uma maneira de ilustrar o perfil desse investidor."

A estrutura do mercado de seguros no Japão é outro fator que tende a limitar a necessidade do investidor sacar seu dinheiro para cobrir as perdas materiais provocadas pela tragédia. Segundo Marcelo Homburger, vice-presidente da corretora de seguros Aon no Brasil, o governo possui um fundo que cobre os seguros de menor porte, como casas e edifícios, por exemplo. Essa apólice é obrigatória e subsidiada pelo governo. Com alto nível de educação, o país é um dos que mais usa seguros no mundo.

O seguro de vida, por exemplo, deve ser acionado pelos familiares das vítimas fatais da catástrofe, que podem chegar a 10 mil, segundo as últimas estimativas.