Título: Fusão é saída para sobrevivência, diz Tasso Jereissati
Autor: Lima, Vandson
Fonte: Valor Econômico, 17/03/2011, Política, p. A10

A fusão entre PSDB, DEM e PPS pode representar a principal alternativa para a oposição sobreviver e ter chances reais de disputar a Presidência da República em 2014. A análise foi feita ontem pelo ex-senador Tasso Jereissati (PSDB-CE). O tucano reconheceu que há uma tendência de união dos três partidos no médio prazo diante de um sistema político que favorece a cooptação de políticos por partidos que estão no poder.

"Político hoje no Brasil se coopta através de vantagens disso e daquilo. Prefeito de oposição, por exemplo, não existe mais. Governador de oposição, está difícil. E parlamentar, agora, está ficando raro. Então, para aqueles que acreditam que há necessidade para a democracia brasileira de se fazer uma oposição correta, pode ser um destino", disse Jereissati, que não pretende mais se candidatar a cargos públicos. Ontem, o ex-senador tomou posse como conselheiro da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), ao lado de ex-ministros do governo Luiz Inácio Lula da Silva como Patrus Ananias (Desenvolvimento Social) e Celso Amorim (Itamaraty), e do governo Fernando Henrique Cardoso, Adib Jatene (Saúde).

Apesar disso, o ex-senador tucano observou que este não é o momento ideal à fusão. A oposição, no entanto, deve começar a discutir a hipótese apenas após as eleições municipais de 2012. A expectativa é que o senador Aécio Neves assuma o comando das articulações. Antes de se pensar na fusão, avaliou Jereissati, o partido deveria construir uma nova agenda para o país.

"A agenda que prevaleceu no país nos últimos 20 anos foi a do PSDB. Mas ela está vencida. O momento é outro. Temos que ter uma nova agenda, em cima do que são os problemas do Brasil hoje", afirmou. A declaração vai na linha de tucanos como Aécio, que defendem uma reformulação na legenda para torná-la menos paulista e mais próxima dos interesses da sociedade.

Jereissati ressaltou que as discussões sobre a atuação do partido na esfera nacional podem ocorrer no âmbito do conselho político do PSDB, instância que seria composta por líderes sem funções administrativas. A ideia de criar um órgão como esse surgiu com o ex-presidente Fernando Henrique e tem como pano de fundo a disputa pela presidência, já que o ex-governador José Serra também nutre interesse pelo cargo.

Como pontos da nova agenda, Jereissati citou a necessidade de reformar o sistema político, profissionalizar o setor público e tornar o orçamento menos flexível e mais transparente. "A política não pode continuar assim. O setor público não pode continuar servindo a barganhas", declarou.