Título: Sem tempo para os amigos
Autor: Jeronimo, Josie
Fonte: Correio Braziliense, 08/08/2010, Política, p. 5
Apesar da aliança nacional com o PT, PMDB é rival dos petistas em alguns estados e cede espaço para a oposição na propaganda eleitoral
Convocado para a campanha de Dilma Rousseff (PT) na posição de curinga eleitoral, o PMDB também tem desequilibrado o jogo nos estados, mas nem sempre favorecendo as alianças regionais pró-continuação do governo Lula. O partido com maior bancada na Câmara e, por consequência, com mais tempo de televisão desviou das coligações petistas 1 hora e 28 minutos semanais de exposição no horário eleitoral gratuito.
O precioso tempo, que poderia ser usado para a propaganda de Dilma e seus aliados nos estados, foi para a oposição, representada em alianças que contam com o PSDB, o DEM, o PPS e o PV. Em 10 estados, o partido do deputado Michel Temer (PMDB-SP), vice da candidata petista, está aliado a adversários do governo (ver quadro). A contagem do tempo de televisão das coligações mostra que o apoio do PMDB a siglas adversárias do PT garantiu vantagens para a propaganda de candidatos da oposição, por exemplo, nos estados do Amazonas, do Amapá, do Mato Grosso do Sul, de Santa Catarina e de São Paulo. Com isso, as candidaturas de Zeca do PT (PT-MS), Ideli Salvatti (PT-SC) e Aloizio Mercadante (PT-SP) saíram em desvantagem no tempo de televisão por não repetirem a aliança nacional entre o PT e o PMDB.
A multiplicidade dos casamentos partidários a ser exibida nos programas televisivos deste ano deixará o eleitor confuso, principalmente às terças, às quintas e aos sábados, quando o horário eleitoral casa a propaganda da campanha presidencial com as proporcionais para deputado federal. Não raro, um correligionário de Temer pedirá voto para o candidato tucano José Serra e, em seguida, tentará assimilar a imagem do PMDB unido pela eleição de Dilma. Aqui, incoerente seria se tivéssemos aliança com o PT. Isso foi discutido abertamente com o partido. Nunca faremos o contrário. A legenda está apoiando o Serra, afirma o deputado Waldemir Moka (PMDB-MS), candidato ao Senado. Moka conta que terá quatro minutos diários para se apresentar aos eleitores. O parlamentar admite que, dentro do possível, usará parte do tempo para pedir votos a Serra.
Para não ficar em desvantagem nos estados onde o PMDB escolheu fechar aliança com a oposição, o PT precisou reunir grande número de siglas na coligação, a exemplo do que ocorreu no Acre. Segundo o presidente do PMDB no estado, deputado Flaviano Melo, no fim das contas, o PT do candidato ao governo Tião Viana não saiu prejudicado. Nós temos 11 minutos contra 11. O PT aqui no Acre tem muitos partidinhos pequenos e termina tendo o tempo igual. O Michel (Temer) conhece isso aqui muito bem. Aqui a Dilma é a terceira, porque tem a Marina (Silva), afirmou, referindo-se à candidata à Presidência pelo PV, nascida na região.
Além dos 10 estados nos quais o PMDB está do outro lado do front, há casos melindrosos como o do Pará, onde o PMDB corre sozinho contra a candidatura do PT, amparada por uma coligação de 14 partidos. Os aliados nacionais também se enfrentam na Bahia, com o duelo Jaques Wagner (PT) versus Geddel Vieira Lima (PMDB). Mas coube ao Maranhão produzir a maior discrepância das coligações até agora. A candidatura à reeleição da governadora Roseana Sarney (PMDB) reuniu na mesma chapa o DEM e o PT do estado.
O PT aqui no Acre tem muitos partidinhos pequenos e termina tendo o tempo igual. O Michel (Temer) conhece isso aqui muito bem
Flaviano Melo, presidente do PMDB no Acre
O número
88 minutos
Tempo que o PMDB cederá a partidos da oposição em 10 estados
Estranhas parcerias
Nas alianças para a disputa aos governos estaduais, ao Senado, à Câmara dos Deputados e às Assembleias Legislativas, o PMDB repassa mais de nove minutos semanais aos adversários da petista Dilma Rousseff no horário eleitoral gratuito. Veja como estão as coligações nos estados onde os peemedebistas se uniram à oposição:
ACRE
Governo PMDB, PSL, PSC, PPS, DEM, PMN, PSDB e PTdoB
Senado PMDB, PSL, PSC, PPS, DEM, PMN, PSDB e PTdoB
Câmara dos Deputados PMDB, PSL, PSC, PPS, DEM, PMN, PSDB e PTdoB
AMAZONAS
Governo PRB, PP, PTB, PMDB, PTN, PSC, DEM, PRTB, PHS, PMN, PTC, PRP e PCdoB
Senado PRB, PP, PTB, PMDB, PTN, PSC, DEM, PRTB, PHS, PMN, PTC, PRP e PCdoB
Câmara dos Deputados PRB, PP, PTB, PMDB, PTN, PSC, DEM, PRTB, PMN, PTC, PRP e PCdoB
AMAPÁ
Governo PMDB, PTN, PSC, PPS, PV e PSDB
Senado PMDB, PTN, PSC, PPS, PV e PSDB
Câmara dos Deputados PMDB, PTN, PSC, PPS, PV e PSDB
Assembleia Legislativa PMDB, PPS, PV e PSDB
MATO GROSSO DO SUL
Governo PRB, PTB, PMDB, PTN, PR, PPS, DEM, PRTB, PHS, PMN, PTC, PSB, PSDB, PTdoB
Senado PRB, PTB, PMDB, PTN, PR, PPS, DEM, PRTB, PHS, PMN, PTC, PSB, PSDB e PTdoB
Câmara dos Deputados PRB, PMDB, PR, DEM, PMN, PSB e PSDB
Assembleia Legislativa PMDB, PR, DEM e PSDB
PERMANBUCO
Governo PMDB, PPS, DEM, PMN e PSDB
Senado PMDB, PPS, DEM, PMN e PSDB
Câmara dos Deputados PMDB, PPS, DEM, PMN e PSDB
Assembleia Legislativa PMDB, PPS e PMN
RONDÔNIA
Governo PDT, PMDB, PRTB, PCdoB e DEM
Senado PDT, PMDB, PRTB, PCdoB e DEM
Câmara dos Deputados PDT, PMDB, DEM, PRTB e PCdoB
RORAIMA
Governo PMDB, PTN, PR, PPS, DEM e PSDB
Senado PMDB, PTN, PR, PPS, DEM e PSDB
Câmara dos Deputados PMDB, PTN, PR, PPS, DEM e PSDB
Assembleia Legislativa PMDB, PTN e PPS
SANTA CATARINA
Governo PTB, PMDB, PSL, PSC, PPS, DEM, PTC, PRP e PSDB
Senado PTB, PMDB, PSL, PSC, PPS, DEM, PTC, PRP e PSDB
Câmara dos Deputados PMDB, PSL, PSC, PPS, DEM, PTC, PRP e PSDB
Assembleia Legislativa PTB, PMDB, PSL, PSC, DEM, PTC, PRP e PSDB
SÃO PAULO
Governo PMDB, PSC, PPS, DEM, PHS, PMN e PSDB
Senado PMDB, PSC, PPS, DEM, PHS, PMN e PSDB
RIO GRANDE DO NORTE
Senado PMDB, PR e PV
Câmara dos Deputados PMDB, PR e PV
Assembleia Legislativa PMDB, PR e PV