Título: Exportação e emprego justificam viagem
Autor: Leo, Sergio
Fonte: Valor Econômico, 21/03/2011, Brasil, p. A3
De Washington O presidente Barack Obama procurou vender aos americanos a sua viagem ao Brasil como um esforço para aumentar exportações e criar empregos nos Estados Unidos. No sábado bem cedo, meia hora antes de o avião Air Force One pousar em Brasília com a comitiva presidencial, a Casa Branca soltou um depoimento previamente gravado por Obama em que ele afirma que principal razão de sua viagem "é fortalecer parcerias no exterior para criar bons empregos em casa".
Foi a forma de justificar a ausência no país num período crítico. Os americanos médios já não gostam muito da ideia de ver seu presidente viajando pelo mundo em vez de cuidar dos problemas domésticos, em meio a uma grave crise econômica. Mas essa viagem, em especial, é tida por muitos como inoportuna diante dos conflitos na Líbia e da crise nuclear no Japão.
A mensagem de Obama no sábado não foi muito diferente do que disse a uma plateia majoritariamente de jornalistas americanos, alguns dias antes, um importante assessor da Casa Branca, Michael Froman. "Essa viagem é fundamentalmente sobre a recuperação americana, exportações americanas", disse Froman, vice-conselheiro de segurança nacional para assuntos econômicos internacionais. "Em 2010, as exportações ao Brasil sustentaram mais do que 250 mil empregos americanos", disse Obama. "Hoje, o Brasil importa mais bens dos EUA do que qualquer outro país."
Se bem talhadas para o público interno, as declarações de Froman foram mal recebidas por empresários brasileiros, que esperam também oportunidades para vender mais aos EUA, e pelo governo Dilma, que quer mais equilíbrio num comércio que gera hoje déficit de US$ 8 bilhões anuais. Na sexta-feira, horas antes de embarcar com a delegação de Obama, Froman mostrou-se surpreso ao saber que suas declarações tinham repercutido mal no Brasil. "É mesmo?", disse, em conversa com o Valor. "Há grandes oportunidades para fortalecer nossa parceria, e isso será bom para criar empregos aqui [nos EUA] e no Brasil também."