Título: Consórcio discute andamento da obra, mas desvio do rio continua prioritário
Autor: Zanatta, Mauro
Fonte: Valor Econômico, 21/03/2011, Empresas, p. B11

Do Rio Os acionistas do consórcio Energia Sustentável do Brasil, que controla a hidrelétrica de Jirau, se reúnem hoje no Rio para discutir as novas prioridades da obra, que está paralisada. O presidente da empresa, Victor Paranhos, viaja amanhã para Rondônia, para ver de perto os estragos. O consórcio ainda não sabe a dimensão dos danos materiais, que têm cobertura de seguro do Bradesco.

Paranhos disse ao Valor que o desvio do rio, um marco importante da obra que antecede a barragem, continua prioritário. Mas deve atrasar de julho, prazo inicialmente previsto, para agosto. A paralisação da obra, causada por seguidos ataques às instalações, deve afetar ainda mais o prazo para instalação da casa de força número 1, em construção na margem direita do rio Madeira.

Essa parte estava três meses atrasada em relação ao cronograma, que previa concluir a obra antes do prazo negociado com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), em janeiro de 2013. A energia produzida antes de 2013 pode ser vendida no mercado livre, ou seja, a preços livremente negociados entre vendedor e comprador. Mas esse plano já estava comprometido por causa do atraso na construção das linhas de transmissão entre Jirau e Santo Antonio e Araraquara, em São Paulo.

Qualquer atraso significa que os sócios de Jirau deixarão de embolsar R$ 1,2 bilhão com a venda de energia que seria produzida antecipadamente entre março de 2012 e janeiro de 2013. "Agora vamos ver o que temos de mão-de-obra para a montagem e concretagem, mas a palavra de ordem é segurança dos trabalhadores", diz Paranhos.

O consórcio Energia Sustentável, formado pela GDFSuez, Chesf, Eletrosul e Camargo Corrêa, planejava chegar a março de 2012 com duas turbinas da casa de força número 1 operando, e a partir daí seriam colocadas mais duas turbinas por mês. A casa de força número 2, na margem esquerda, estava prevista para julho ou agosto de 2012. Ao final de 2012 o consórcio previa (e os planos ainda não foram alterados), que 28 turbinas estejam em operação.

A obra estava andando em ritmo acelerado até a semana passada. A Camargo Corrêa, que além de sócia é a construtora encarregada da obra, contabiliza a colocação de 120 mil metros cúbicos de concreto em janeiro e outros 130 mil metros cúbicos em fevereiro, o suficiente para construir duas vezes e meia um estádio como o Maracanã, no Rio.

Os ataques aconteceram quando 50% das obras civis tinham sido concluídas e 15% da montagem tinha sido realizada. Segundo Paranhos, metade dos equipamentos já está no local, inclusive as turbinas produzidas pela chinesa Dongfang. Apesar do incêndio de sexta-feira ter danificado o canteiro de obras da Enesa, responsável pelas montagem das turbinas na margem direita, esses equipamentos não foram afetados.

Paranhos diz que é possível mobilizar entre 7 mil e 8 mil trabalhadores para voltar ao trabalho, caso a segurança esteja garantida. E rejeita as afirmações de que havia risco sanitário na obra, que teria levado trabalhadores a contrair malária. Segundo ele os sócios investiram R$ 1,2 bilhão em compensações, o que inclui uma cidade, Nova Mutum Paraná, para onde foram realocadas 150 famílias atingidas pela obra e onde foram construídas 1.500 casas para alojar operários e colaboradores das empresas contratadas