Título: Crise no Rio pode engrossar fileiras de Kassab
Autor: Ulhôa, Raquel; Taquari, Fernando
Fonte: Valor Econômico, 25/03/2011, Política, p. A11

A família Maia provocou uma crise na seção fluminense do DEM que pode engordar as fileiras do PSD no Estado. No início desta semana, o ex-prefeito Cesar Maia, pai do deputado federal Rodrigo Maia (RJ), enviou um e-mail ao presidente do diretório municipal do DEM no Rio, ex-vereador Paulo Cerri, pedindo que renunciasse e informando que ele próprio assumiria a presidência do partido na capital fluminense. Cerri, que foi secretário de administração de Cesar Maia, estranhou a ordem, tentou conciliar, e sugeriu ao ex-prefeito que fizesse uma transição.

No dia seguinte, o ex-prefeito fez uma reunião em sua casa com alguns fiéis aliados. Dos oito vereadores do DEM no Rio, apenas dois participaram. Lá foi decidida a nova presidência. Enfurecidos com o golpe e alijados da reunião, a ex-deputada Solange Amaral, até então fiel defensora de Cesar Maia e que ocupou vários cargos em seus governos, o candidato à Vice-Presidência na última eleição, Indio da Costa, e Paulo Cerri saíram do partido.

A primeira a pedir para deixar o DEM foi Solange Amaral. Com um longo histórico de parceria e defesa do ex-prefeito disse que a decisão foi custosa. "O partido já estava vivendo um momento difícil. Existe uma hierarquia que ele desrespeitou", reclama Solange. "Reconheço que ele é o maior quadro do DEM no Rio. Mas não pode se autointitular nada". Na quarta-feira, Solange comunicou sua saída da executiva nacional.

Indio foi avisado por Cerri em São Paulo da decisão. "Cerri me pediu para levá-lo ao Agripino. Juntos pedimos a desfiliação do partido", conta. "Não há como defender a democracia num partido de coronel."

Por e-mail, o ex-prefeito Cesar Maia diz que o diretório não tomou decisão de torná-lo presidente. "Isto só poderia acontecer depois da renúncia do atual, o que só aconteceu hoje (ontem)". Além disso, insinua que os ex-partidários poderiam ter outro motivo para deixar a legenda. "Sempre que se sai de um partido se encontra uma explicação."

Dois outros motivos poderiam levar Indio a deixar o DEM. Os deputados Rodrigo Maia e Clarice Garotinho são cotados para formar uma chapa à Prefeitura do Rio. "Seria a chapa de maior rejeição no Rio", ironiza Indio, que também almeja entrar na disputa. Solange acredita que o tema tem a ver com a decisão de Cesar Maia de comandar as prévias. "Isto é assunto para o segundo semestre", desconversa o ex-prefeito.

Outro motivo seria a criação do PSD pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. "Ainda não tomei a decisão do que vou fazer", diz Indio. Ele também é assediado pelo PSDB. Solange também diz que ainda não sabe para qual partido seguirá.