Título: Bancos portugueses terão de se capitalizar
Autor: Spiegel, Peter; Chaffin, Joshua
Fonte: Valor Econômico, 25/03/2011, Internacional, p. A11

Os principais bancos portugueses vão ter de fazer capitalização de ¿ 1 bilhão nas próximas semanas, para alcançar um ratio de 8% de capital de alta qualidade exigido por um plano de reorganização no setor.

A expectativa nos meios financeiros em Lisboa é de que, apesar do Pacto de Estabilização e Crescimento proposto pelos socialistas ter sido rejeitado no Parlamento, o plano imposto aos bancos deverá ser mantido qualquer que seja o próximo governo.

Para um sistema bancário pequeno, o plano de capitalização é bastante duro, mas considerado essencial para restaurar a confiança nos bancos portugueses, considerando a desalavancagem requerida no sistema financeiro e a necessidade de voltar a ter acesso a funding nos mercados.

Os bancos portugueses tornaram-se altamente dependentes da liquidez fornecida pelo Banco Central Europeu. E o agravamento da crise da dívida soberana só fez agravar suas dificuldades, já que eles detêm ¿ 23,5 bilhões de títulos públicos

Por cálculos de certos analistas, com a queda de valor dos títulos portugueses, eles estariam correndo o risco de perder ¿ 4,7 bilhões, ou 20% do total, que os aperta ainda mais.

Pelo plano de maior capitalização demandado aos bancos, o Banco Comercial Português (BCP) e Banif são os mais penalizados. O primeiro tem ratio de 6,7% de capital de maior qualidade (core tier 1), que é exigido para um banco ter dinheiro mais imediatamente disponível em caso de risco de quebra.

Significa que o gap do BCP é de ¿ 800 milhões, 26% de seu valor de mercado. No caso do Banif, o gap é de ¿ 85 milhões, ou 17% do seu valor de mercado. A situação do Banco Espirito Santo (BES) é menos problemática, precisando levantar mais ¿ 100 milhões, ou 3% de seu valor de mercado.

Para o analista Carlos Peixoto, do BPI, no caso do BES o plano pode ser alcançado no curto prazo através de retenção de lucros.