Título: DIs mostram alta menor que 0,5 ponto na Selic
Autor: Campos, Eduardo
Fonte: Valor Econômico, 25/03/2011, Finanças, p. C2
Os contratos de juros futuros de curto prazo voltaram a fechar em baixa na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F). O interessante é que curva passou a mostrar um aperto menor que 0,5 ponto-base na Selic no encontro de abril do Comitê de Política Monetária (Copom).
Tomando como base o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em julho de 2011, o mercado está no meio do caminho, indicando alta de 0,34 ponto.
Conservada tal dinâmica, será possível afirmar com maior grau de certeza que os agentes migram para uma alta de 0,25 ponto na Selic.
Parte desse movimento pode ser creditada à persistente expectativa de que o Banco Central (BC) vai lançar novas medidas prudenciais em breve. Até o encerramento desta coluna, às 19 horas, nenhuma indicação oficial neste sentido foi dada.
No entanto, como não existe almoço grátis, os contratos de prazo mais dilatado acumularam prêmio de risco. Ou seja, o mercado se posiciona para um ajuste menor dos juros agora, mas faz um hedge para o futuro. Uma das leituras é: "já que os juros não sobem agora, terão de subir depois".
De volta às ações prudenciais, há quem acredite que os ajustes técnicos promovidos pelo BC nos cálculos que envolvem o recolhimento de depósito compulsório por bancos pequenos e médios seja uma preparação de terreno para novidades.
De forma simplificada, essas medidas, anunciadas na noite de quarta-feira, fortaleceriam essas instituições para que as novas medidas não criassem problemas de liquidez.
O contraponto a essa percepção é que, ao fazer aos ajustes, o BC não visa alterar a liquidez do mercado nem preparar o caminho para coisa alguma. A ideia seria estimular a formação de patrimônio por essas instituições sem a contrapartida de mudança de faixa de recolhimento compulsório.
Passando para o câmbio, os comprados continuam sendo esfolados pelos vendidos.
O dólar comercial completou o quinto pregão consecutivo de baixa, maior sequência de queda do ano. Nesse período, o preço da divisa já caiu 1,66%.
Ontem, a moeda americana encerrou com baixa de 0,18%, a R$ 1,658 na venda, menor cotação desde 9 de março.
Cabe lembrar que, toda a vez que o preço do dólar se aproxima de R$ 1,65, o BC aumenta as atuações no câmbio ou algum membro do governo ameaça com pacote cambial. No entanto, nenhuma dessas ações foi observada.
Segundo o diretor da Corretora Futura, André Carvalho, a grande verdade é uma só: a entrada de recursos no Brasil é grande. E tudo que é ofertado demais, perde preço.
O especialista lembra que o governo conseguiu segurar esse viés de baixa do dólar com as ameaças de novas medidas no câmbio. Fora isso, ocorreram os desastres no Japão, que somaram incerteza ao mercado.
Agora, não se vê manifestação oficial e extraoficial sobre algum pacote de medidas cambiais e o mercado parece bem acomodado com a situação no Japão. Fora isso, Carvalho aponta que não houve repatriação de dinheiro para o Japão, uma preocupação que surgiu logo após o terremoto e tsunami do dia 11, dada à extensão dos estragos causados pelos desastres naturais.
Com isso, diz Carvalho, os vendidos voltaram a ficar confortáveis. Sinal disso são as posições dos estrangeiros no mercado futuro. No dia 4 de março (quando surgiram os primeiro rumores de canetada no câmbio), o estoque vendido de dólar futuro estava em US$ 6,13 bilhões. Essa monta foi gradualmente reduzida até atingir US$ 1,6 bilhão no dia 17. Mas, desde então, votou a aumentar, e até o pregão de quarta-feira (último dados disponível) estava em US$ 4,59 bilhões.
Ainda no mercado de câmbio, as instituições dealers (principais agentes) teriam um encontro com o Banco Central nesta sexta-feira. Tal reunião foi cancelada e o motivo não foi explanado.