Título: Bovespa cai, mas com Portugal poderia ser pior
Autor: Camba, Daniele
Fonte: Valor Econômico, 25/03/2011, Eu & Investimentos, p. D2

A bolsa caiu ontem, mas, para surpresa de todos, a queda foi muito menor do que se imaginava devido à renúncia do premiê português José Sócrates, após o Parlamento ter rejeitado o pacote do governo com medidas de austeridade fiscal. Não que Portugal seja um país superimportante para o mercado brasileiro. A grande questão é que esse é mais um sinal da fragilidade econômica por que passam vários países europeus.

O Índice Bovespa fechou em leve queda de 0,39%, aos 67.532 pontos, e a expectativa era que a notícia vinda de Portugal fizesse o indicador cair pelo menos 1%. Além da renúncia de Sócrates anunciada na noite de quarta-feira, ontem a agência de classificação de risco Fitch Ratings rebaixou a nota do país de "A+" para "A-".

A leitura de alguns analistas é que o mercado sofreu menos porque se espera que a União Europeia socorra Portugal, assim como fez com outros países europeus que já mostraram deficiências financeiras, entre eles a Grécia e a Irlanda.

Índice tem queda de 0,39%, apesar das notícias da Europa

As ações da Vale e da Usiminas continuam oscilando ao sabor dos acontecimentos próprios. As preferenciais (PN, sem voto) série A da Vale caíram 0,99%, refletindo todas as especulações sobre a possível saída do presidente Roger Agnelli.

Ontem, o Valor informou que os acionistas controladores da mineradora resolveram substituir Agnelli por um dos atuais diretores da companhia. O nome mais cotado seria o de Tito Botelho, atual diretor-presidente da Inco, subsidiária da Vale produtora de níquel.

Já as ações PNA da Usiminas registraram baixa de 1,85%. Existem várias especulações sobre o destino da siderúrgica, que vem sendo cobiçada por outras empresas como CSN e Gerdau. O último capítulo dessa novela foi a decisão da Caixa dos Empregados da Usiminas (CEU) de vender sua participação de 10,1% no capital votante da companhia.

As ações PN da Lojas Americanas recuaram ontem 5,12%, após a empresa anunciar um aumento de capital de R$ 1 bilhão na B2W. Já as ordinárias (ON, com direito a voto) da própria B2W registraram leve alta de 0,22%.

As ações ON da MRV se desvalorizaram 6,52%, a maior queda do Ibovespa. Os papéis refletiram a decepção dos investidores com os resultados da companhia no quarto trimestre de 2010.