Título: Murilo Ferreira é escolhido para a presidência da Vale
Autor: Ribeiro, Ivo; Durão, Vera Saavedra
Fonte: Valor Econômico, 05/04/2011, Eu e S.A,, p. D4

De São Paulo e do Rio

A novela para escolha do sucessor de Roger Agnelli na presidência da Vale terminou ontem à noite com uma surpresa. A Valepar, holding que controla a mineradora, escolheu Murilo Pinto de Oliveira Ferreira, ex-executivo da companhia que foi o primeiro presidente da subsidiária canadense Inco, adquirida em 2006.

O nome foi decidido após a reunião realizada ontem pelos acionistas da Vale - Bradesco, Previ, BNDES e Mitsui.

No mesmo encontro, a empresa contratou a CTPartners, consultoria de recrutamento de executivos, para avalisar a nomeação, um procedimento previsto no estatuto da empresa.

A expectativa do mercado era que o substituto de Agnelli fosse anunciado na quinta-feira, durante reunião do conselho de administração da companhia.

Segundo informação obtida pelo Valor, Ferreira teve seu nome escolhido por unanimidade entre os representantes dos acionistas presentes à reunião. Em comunicado divulgado ontem à noite, a companhia informou que "vai assumir o posto de diretor-presidente da Vale a partir de 22 de maio, após o término do mandato do atual diretor-presidente, Roger Agnelli. A indicação ainda precisa ser aprovada pelo conselho de administração da Vale em reunião a ser convocada e realizada oportunamente."

Na bolsa de apostas do mercado, o nome mais cotado era o de Tito Martins, atual diretor-executivo de metais básicos e presidente da Inco. Além dele, era apontado o de José Carlos Martins, outro diretor-executivo, responsável pela área de marketing e vendas. Os dois diretores deverão ser mantidos em seus cargos na Vale.

Ferreira, 58 anos, foi diretor-executivo da Vale de 2005 a 2008, acumulando passagens pelos vários negócios da mineradora, como alumínio, carvão, energia, siderurgia, entre outros. Também liderou investimentos na China e, nos últimos dois anos, acumulou a presidência da Vale Inco, no Canadá. Foi escolhido para o cargo graças ao seu envolvimento na oferta pela mineradora canadense. Do negócio, ele levou a participação na maior aquisição já realizada por uma empresa brasileira.

Com graduação em administração de empresas pela Fundação Getulio Vargas-São Paulo e pós-graduado pela FGV-Rio e pela IMD Business School, de Lausanne, Suíça, entrou na Vale em 1977. Teve várias experiências em diversas áreas da companhia, principalmente alumínio e ferro-ligas. Em 1998, assumiu a diretoria de finanças e comercial da Aluvale, antiga holding de alumínio da Vale incorporada em 2003. De 2004 a 2005 dirigiu o departamento de alumínio. Em seguida presidente da Albrás e da Alunorte, cargo no qual ficou até 2005, quando foi eleito presidente do conselho de administração. Em 2007, assumiu a presidência da Vale Inco.

Segundo disse ao Valor recentemente, em entrevista sobre seu novo negócio, em parceria com Gabriel Stoliar - também ex-diretor da Vale -, os longos anos de vida executiva cansaram. "Mas a experiência adquirida fez diferença na hora de iniciar um novo negócio depois de deixar a Vale em 2008", afirmou ele. Sua saída se deu após desgastante carga de trabalho que o levou a ter um início de infarto durante uma viagem de avião retornando do exterior para o Rio.

Atualmente, Ferreira é sócio de Stoliar na Studio Investimentos, que nasceu com foco exclusivo de gerir recursos no mercado de ações a partir da análise dos fundamentos das empresas. "Pudemos trazer para a gestora a visão de quem esteve por muitos anos dentro de uma empresa."

Por conta das especulações sobre a sucessão de Agnelli, ontem o preço dos papéis preferenciais classe A (PNA) da empresa disparou no fim do dia com as notícias de que a Vale divulgaria uma lista tríplice dos candidatos ao cargo de futuro presidente da mineradora. A ação fechou cotada em R$ 48,24, com uma alta de 2,36%.