Título: Dengue aumenta despesas com internações no Rio
Autor: Moura, Paola de
Fonte: Valor Econômico, 31/03/2011, Empresas, p. B7

Do Rio Nos últimos dois dias 1.600 casos de dengue foram registrados na cidade do Rio de Janeiro. O Estado do Rio registra 31.412 doentes com suspeita, com 23 mortes confirmadas. No país, os números também são alarmantes, o Amazonas tem 28.562 casos, a Bahia, 9.584, Pernambuco, 5.320 e o Paraná 5.648. O Estado do Sul já registra 10 mortes. Os números que assustam os cidadãos já começam também a pesar na iniciativa privada. Levantamento feito pela Unimed-Rio mostra que os gastos com internações na cidade do Rio em função da dengue somaram R$ 780 mil entre janeiro e 30 março. No ano passado inteiro os gastos com internações relacionadas à dengue somaram R$ 1 milhão, segundo o levantamento da Unimed-Rio. O número de internações em hospitais credenciados da rede foi de 400 no período. Ao longo de 2010 inteiro, foram registradas 119.

Em 2010, quando houve uma epidemia de dengue na Baixada Santista (SP), com mais de 20 mortes, a Unimed-Santos teve um aumento de custo de R$ 5 milhões durante o ano, só por conta da doença.

O que mais preocupa as autoridades e as empresas é a chegada do novo vírus, o tipo 4, contra o qual a população do país ainda não tem proteção. Já foram registradas infecções pelo novo vírus nos Estados do Amazonas, do Pará, da Bahia, do Piauí, do Rio e em Roraima.

Maura Soares, gerente de gestão em Saúde da Unimed-Rio, diz que a maior parte das ocorrências, por enquanto, é do vírus tipo 1, o primeiro a entrar no país. "Isto significa que quem está tendo dengue agora, nunca teve. Por isso, tem menos risco de desenvolver a forma mais grave da doença, a dengue hemorrágica", explica.

A forma mais grave pode se desenvolver em pacientes que já foram infectados por um tipo de vírus e são novamente por outro, explica a gerente, que também é médica.

O secretário de Saúde do Rio, Sérgio Cortes afirma, no entanto, que ainda não há evidências de que o vírus do tipo 4 seja mais agressivo que os anteriores. Na semana passada, duas irmãs moradoras de Niterói, uma de 21 e outra de 22 anos, foram contaminadas pelo vírus tipo 4 da dengue. Em Salvador, na Bahia, também dois jovens foram contaminados. O Estado com maior número de notificações para o novo tipo de vírus é o Amazonas, com 11.

Apesar do vírus não se mostrar mais agressivo, a confirmação da chegada dele à população leva à possibilidade de uma nova epidemia, já que esta foi a primeira vez que o vírus é detectado no país e a população, em geral, não está imunizada contra ele. "No ano passado, não tivemos epidemia no Rio e, este ano, tudo indica que haverá uma amplitude maior dos casos registrados", observa Maura Soares.

A gerente de gestão em Saúde da Unimed-Rio também explica que, mesmo os pacientes que não precisam ficar internados, acabam fazendo um uso maior da rede de hospitais credenciados. "Um paciente com uma virose ou gripe, normalmente vem uma vez, no máximo duas. Já o de dengue faz ao menos três consultas com dois exames de sangue". A gerente prevê que o volume crescerá, já que o pico da doença no Rio se dá, geralmente, em abril.

No hospital Copa D"Or, maior unidade de emergência da Zona Sul do Rio, o número de notificações dos casos de dengue também é quase o dobro do registrado no ano passado inteiro. Em 2010, foram 148 atendimentos. Desde janeiro até anteontem foram 226 casos: 27 casos em janeiro; 104, em fevereiro, e 95 até 29 de março.