Título: Ritmo de desmatamento do Cerrado cai pela metade
Autor: Chiaretti, Daniela
Fonte: Valor Econômico, 07/04/2011, Brasil, p. A2

Agência Brasil, de Brasília

A taxa anual de desmatamento do Cerrado, que era de 14,2 mil km2 por ano entre 2002 e 2008, caiu para 7,6 mil km2 por ano entre 2008 e 2009. O levantamento foi divulgado pelo Ministério do Meio Ambiente. O ritmo da derrubada caiu quase pela metade, de 0,69% para 0,37% ao ano.

Apesar da redução, o bioma ainda é um dos mais ameaçados do país. No acumulado até 2009, o desmatamento no Cerrado já atingiu 48,2% da cobertura original - quase 1 milhão de quilômetros quadrados.

A devastação na região está concentrada nos Estados do Maranhão, Tocantins e no oeste da Bahia e está ligada à produção agropecuária e à indústria do carvão, segundo o levantamento.

Entre 2008 e 2009, o Estado que mais desmatou o Cerrado foi o Maranhão, responsável pela devastação de 2,2 mil km2 de vegetação nativa. Dos 20 municípios que mais desmataram o bioma no período, 9 são maranhenses. No Tocantins, o bioma perdeu 1,3 mil km2 em um ano.

Segundo o secretário de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente, Bráulio Dias, entre as causas para a redução do ritmo do desmatamento estão a crise econômica de 2009 e o fortalecimento das medidas de combate à destruição do Cerrado nos últimos anos. "Com a crise, houve redução de investimentos. Além disso, o lançamento do PPCerrado [Plano de Ação para Prevenção e Combate do Controle do Desmatamento e das Queimadas do Cerrado] aumentou a atenção ao desmatamento."

Até o segundo semestre, o governo pretende divulgar os dados do desmatamento do Cerrado em 2010, de acordo com a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira.

A ministra do Meio Ambiente do Reino Unido, Caroline Spelman, que está em visita ao Brasil, disse ontem que pretende ampliar a parceria com o governo da presidente Dilma Rousseff para reduzir a perda da biodiversidade brasileira."Entendo por que vocês querem proteger essas áreas. São mesmo muito bonitas", disse Caroline, que esteve ontem no Parque Nacional Chapada dos Veadeiros, em Goiás.

Segundo ela, a maioria dos governos estrangeiros tem consciência de que é preciso investir na preservação de biomas brasileiros, mas a visita ao país serviu para "abrir os olhos" para o tamanho da biodiversidade na região. A ministra manifestou preocupação com o desmatamento do Cerrado e afirmou que, caso a situação não se altere, é possível que o bioma seja completamente destruído até 2030.