Título: Osmar Dias assumirá vice-presidência do Banco do Brasil
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 07/04/2011, Política, p. A12

De Brasília

Após longas negociações e muita disputa nos bastidores, o Banco do Brasil anunciou ontem a troca de apenas um executivo de sua diretoria. O ex-senador Osmar Dias (PDT) substituirá o ex-ministro Luís Carlos Guedes Pinto na vice-presidência de Agronegócios e Micro e Pequenas Empresas do BB.

Em cerimônia na sede do banco, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, garantiu a permanência dos demais executivos. "Estamos mantendo toda a diretoria no cargo, com apenas uma mudança de um vice-presidente", afirmou o ministro, ao lado do presidente do BB, Aldemir Bendine.

A indicação de Osmar Dias ainda será avaliada, na segunda-feira, pelo Conselho de Administração do BB. Mas não seria anunciada sem aval do governo. Agrônomo e ex-secretário de Agricultura, Osmar Dias recebeu o cargo como compensação por sua candidatura ao governo do Paraná. Mesmo derrotado por Beto Richa (PSDB), o ex-senador garantiu um palanque forte à então candidata Dilma Rousseff - ela ganhou em 212 dos 399 municípios do Estado, mas perdeu por dez pontos percentuais no segundo turno para José Serra (PSDB).

A troca de Guedes Pinto por Osmar Dias rendeu críticas ao BB por uma alegada "politização" na administração da instituição. O presidente Aldemir Bendine rejeitou interferências políticas no BB. "O banco está acostumado a trabalhar com homens públicos. Nossa governança corporativa não permite trabalhar fora das metas traçadas", afirmou. E defendeu a indicação de Osmar Dias: "É um homem do setor, vem para uma área líder e traz conhecimento técnico também". Mesmo assim, Bendine afirmou não ter participado da indicação. "Não sou sócio do banco. Essa é uma discussão entre os sócios".

Mas a alta direção do banco abriga hoje outros nomes vinculados a partidos. O vice-presidente de Gestão de Pessoas, Robson Rocha, é ligado ao PT, assim como Guedes Pinto, cuja nomeação no governo Lula teve apoio do ex-ministro petista José Graziano. E o vice-presidente de Tecnologia, Geraldo Afonso Dezena, está na cota do PMDB. Além disso, o presidente da Previ, Ricardo Flores, tem como padrinho o vice-governador do DF, Tadeu Filippelli (PMDB).

Em comum, a maioria dos executivos ligados a partidos ou políticos enfrentam dificuldades em usar os cargos como instrumento partidário ou alavanca para futuras candidaturas. Isso porque, explicam fontes do banco, a estrutura do BB absorve grande parte do tempo dos executivos em reuniões, colegiados e comitês. Os cargos garantem boa remuneração, viagens e colocam seus ocupantes sob holofotes. Mas não conferem autonomia para manejar recursos sem o devido crivo de outros executivos. Essa tem sido uma barreira institucional, e até estatutária, a vários nomes indicados por questões políticas.

As disputas entre os partidos aliados do governo no Congresso seguem mantendo as nomeações para o segundo escalão a conta-gotas. Ontem, o Diário Oficial trouxe mais algumas. O novo presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) é um indicado pelo líder do PTB na Câmara, Jovair Arantes (GO). O advogado Evangevaldo Moreira dos Santos substitui, como antecipou o Valor em 22 de fevereiro, o petebista Alexandre Magno de Aguiar. O PMDB queria emplacar o ex-governador Orlando Pessuti (PR), que também ajudou na complicada campanha eleitoral da presidente Dilma no Estado. O PT e o PRB também disputavam o comando da cobiçada empresa estatal, dona de um orçamento de R$ 5,5 bilhões. O Palácio do Planalto interveio e decidiu-se pelo PTB. Evangevaldo também tem como padrinho o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), José Múcio.

O governo também oficializou ontem a nomeação do ex-diretor do BNDES Wagner Bittencourt como novo ministro da Secretaria de Aviação Civil da Presidência. Para o seu lugar no BNDES, foi indicado Luiz Eduardo Melin de Carvalho.