Título: Augustin vê com cautela posição do FMI sobre controle de capitais
Autor: Safatle, Claudia
Fonte: Valor Econômico, 01/04/2011, Finanças, p. C3
De Brasília
O secretário do Tesouro, Arno Augustin, manifestou cautela ao comentar ontem a recente decisão do Fundo Monetário Internacional (FMI) de flexibilizar suas recomendações para controles de capitais. Ele avaliou que a decisão do Fundo é importante, mas ponderou que o tema requer cuidado.
"É um processo no qual os diferentes países vão ter opiniões. Achamos que a pauta de discussões internacionais exige muita tranquilidade, mas é preciso que se tome definições", afirmou. O secretário preferiu não entrar em detalhes por considerar que o Brasil possui representante no FMI que acompanha essas discussões.
Em entrevista ao Valor na edição de ontem e falando em caráter pessoal, o diretor do FMI para o Brasil e outros sete países da América Latina e Caribe, Paulo Nogueira Batista Jr., classificou como retrocesso o novo arcabouço. Isso porque, segundo ele, na proposta do Fundo, a possibilidade de controles de capitais é a última possibilidade cogitada.
Ao comentar o recente ciclo de valorização do real em relação ao dólar, em meio a uma sucessão de anúncios de medidas cambiais, Arno Augustin reforçou que a política do governo brasileiro é a de câmbio flutuante e que a área econômica possui os instrumentos necessários para conter a volatilidade na paridade real-dólar.
"O governo pode e deve atuar quando achar que é o caso. E temos feito isso porque entendemos que uma valorização excessiva do real, com demasiada volatilidade, não é adequada, mas isso dentro de uma política de câmbio flutuante. Esse é o nosso posicionamento", reforçou. "Estamos atentos e achamos que a valorização excessiva não é desejável e temos os instrumentos, dentro da política de câmbio flutuante, para agir", acrescentou.
Augustin disse que o Tesouro continua monitorando o cenário internacional para avaliar as condições favoráveis de lançamento de bônus. Ele destacou que as emissões de títulos do governo brasileiro no exterior continuam sendo pautadas por critérios qualitativos de melhoria do perfil da dívida externa."Do ponto de vista dos fundamentos, o Brasil está mais firme e forte e faremos [emissão no exterior] quando avaliarmos que as condições internacionais estiverem favoráveis", disse.
A dívida externa líquida atingiu em fevereiro R$ 85,5 bilhões (2,2% do PIB).