Título: Governo define ministro da Aviação Civil
Autor: Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Valor Econômico, 06/04/2011, Política, p. A5

Wagner Bittencourt de Oliveira, diretor de Infraestrutura do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), será o primeiro ministro a ocupar a Secretaria Nacional de Aviação Civil por escolha da presidente Dilma Rousseff. Oficializada a indicação, ontem, o novo ministro teve um almoço, no Palácio do Planalto, com Dilma e os presidentes da Infraero, Gustavo do Vale, e do BNDES, Luciano Coutinho. Criada com status de ministério, a secretaria terá 129 cargos e será responsável por implantar as novas diretrizes para a aviação civil, englobando políticas que antes eram ligadas ao Ministério da Defesa.

A demora na definição de um nome para conduzir as mudanças nessa área incomodava a presidente, que colocou como uma de suas prioridades resolver a situação aérea brasileira, tanto nos aeroportos quanto na criação de novas linhas aéreas para atender à crescente demanda do setor. E, também, preparar o país para os dois grande eventos que virão, como a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada no Rio de Janeiro em 2016.

Wagner Bittencourt é funcionário de carreira do BNDES. Além de várias funções no banco, foi secretário do Ministério da Integração Nacional durante o governo Fernando Henrique Cardoso, superintendente da Sudene e presidente da Companhia Ferroviária do Nordeste.

O futuro ministro, que só poderá tomar posse quando a medida provisória que cria a secretaria for aprovada pelo Congresso, conheceu a presidente quando ela era chefe da Casa Civil.

Durante a gestão de Demian Fiocca no BNDES, Bittencourt foi promovido para o cargo de diretor de Infraestrutura, cargo em que permaneceu com a substituição de Fiocca por Luciano Coutinho.

Apesar de ser um técnico reconhecido, a indicação de Wagner surpreendeu até mesmo seus colegas de trabalho no BNDES. O Valor apurou que seu nome já era cotado para ocupar a secretário-executiva, equivalente a um vice-ministro da Secretaria de Aviação Civil, e não o posto de ministro. "Todo mundo reconhece a competência do Wagner, especialmente nessa área de infraestrutura", disse um aliado de Dilma. Mas o perfil inicialmente pretendido pela presidente era outro.

A exemplo do que ocorreu em relação à Autoridade Pública Olímpica (APO), quando o governo conseguiu nomear o ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, Dilma também queria um nome de grande visibilidade no mercado, com trânsito no exterior, para dar credibilidade à nova secretaria.

O primeiro a ser pensado pela presidente Dilma - e sondado pelo chefe da Casa Civil, Antonio Palocci - foi do ex-presidente do Banco do Brasil e atual presidente do Banco Safra, Rossano Maranhão. Rossano, no entanto, não conseguiu desvincular-se do banco e, apesar de animado com o desafio - e entusiasmado com a possibilidade de trabalhar em parceria com o presidente da Infraero, Gustavo do Vale, de quem é amigo - acabou declinando do convite.

Rossano sugeriu, então, o nome de Luiz Falco, presidente da Oi, para ser o titular da nova secretaria. As conversas chegaram a acontecer, mas o fato de Falco estar de saída da Oi, empresa na qual a Andrade Gutierrez é uma das acionistas, pesou contra ele. A empreiteira planeja construir o terceiro aeroporto em São Paulo e o governo avaliou que poderia haver "conflito de interesse". Outro nome cogitado era do ex-presidente da Febraban, Fábio Barbosa, que rejeitou a proposta desde o início.

Animado com as recusas, o PP tentou indicar o ex-ministro das Cidades, Márcio Fortes. Mas o Planalto considerou que ele não tinha o perfil concebido para o cargo e, também, não pretendia comprar mais uma briga com o PMDB.