Título: Brasil crescerá 5,7% até 2014
Autor: Caprioli, Gabriel
Fonte: Correio Braziliense, 11/08/2010, Economia, p. 14

Depois de cravar no boletim Economia Brasileira em Perspectiva, publicado ontem, a estimativa de crescimento de 6,5% da economia para este ano, conforme antecipou o Correio, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, voltou a afirmar que o país tem condições plenas de retomar, já no segundo semestre, uma trajetória de crescimento sustentável. Segundo o documento divulgado pela equipe do ministro, o avanço médio da economia nos próximos quatro anos deve ficar em torno de 5,7%, sem pressionar a inflação, prevista para 5,2% em 2010.

Em um recado claro contra o ciclo de aperto monetário, o ministro isolou ainda mais o presidente do BC, Henrique Meirelles, que já sustenta sozinho a necessidade de elevar os juros para conter pressões inflacionárias. A inflação acelerou no início do ano, mas já retornou e está em patamares mais baixo que em anos anteriores, o que prova que não havia uma inflação de demanda, como muitos apregoavam, mas um choque de oferta localizado nos preços agrícolas, afirmou.

No alicerce do que o ministro considera um crescimento saudável está o aumento dos investimentos, que deverão chegar a 20,4% no fim do ano, segundo a projeção da Fazenda e ampliar o que é conhecido como PIB potencial. A maior parte do mercado estima que essa medida estaria em torno de 4,5%. O ministro, no entanto, discorda. Acredito que cálculos de PIB potencial são falhos. A meu ver, o PIB potencial hoje está entre 5% e 6%, destacou. Como exemplo, o ministro citou a projeção de crescimento da economia para o ano feita pelo próprio mercado (7,1% segundo o Boletim Focus) em paralelo à estimativa de avanço da inflação, reduzida de 5,27% para 5,19%.

É uma divergência de hipóteses, que pode se confirmar ou não, rebateu Cristiano Souza, economista do Santander. Em sua avaliação, para aumentar o PIB potencial é necessário puxar a taxa de investimento a patamar próximo de 25% do PIB, contra os atuais 18%. E para isso, o governo também teria que aumentar a sua participação, considerou.

Poupança Além do incremento do parque produtivo do país, Mantega destacou ainda que a pressão sobre a inflação deve ser menor devido a uma taxa de poupança pública positiva, que o Brasil deve alcançar em 2010. De acordo com o documento da Fazenda, o cálculo que considera a arrecadação menos os investimentos deve registrar superavit próximo de 0,7% do PIB, após ter deficit de 1% no ano passado e resultado positivo de 0,2% em 2008. Em uma série recente, iniciada em 2000, a conta registrou, anualmente, deficits acima de 1% do PIB. É um indicador salutar, que mostra que caminhamos para a geração de uma poupança pública e aponta a solidez da economia, comentou Mantega.

O ministro foi questionado ainda sobre o motivo de estar comentando os dados apenas na sétima publicação do boletim, mas afastou a hipótese de um ato eleitoral. A vida não se resume apenas à eleição e não é porque estamos em ano eleitoral que vou esconder os números da economia.

CONSUMIDOR VOLTA A TOMAR CRÉDITO O consumidor brasileiro voltou a buscar crédito no mês de julho, depois da ressaca da Copa do Mundo. A avaliação é do indicador da Serasa Experian que mede o apetite do brasileiro por financiamento. Pelos dados divulgados ontem, a quantidade de pessoas que procurou crédito durante o mês passado cresceu 9,3% em relação a junho passado, período em que a demanda por crédito apresentou um recuo de 10,2% em comparação com maio. Em relação a julho do ano passado, o crescimento da busca por empréstimos foi de 10%.