Título: Câmbio será o tema de Mantega no FMI
Autor: Lamucci , Sergio
Fonte: Valor Econômico, 15/04/2011, Brasil, p. A3

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, vai acusar amanhã os países ricos de tentarem escapar da crise econômica por meio da desvalorização de sua taxa de câmbio, com prejuízo para os países emergentes, durante seu discurso no Comitê Financeiro e Monetário Internacional do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Mantega vai repudiar as iniciativas das economias avançadas para criar códigos de conduta para os controles de capitais. Também dirá que o Brasil e a Colômbia, outro país representado pela cadeira brasileira no Fundo, já pagaram um preço muito alto em termos de apreciação cambial. "Países emissores de moedas de reserva continuam a apelar para políticas monetárias ultra-expansionistas, que são o principal detonador de muitas das mazelas econômicas atuais", dirá. "O excesso de liquidez contribui para a rápida expansão de crédito e booms de crédito, assim como bolhas nos preços do petróleo e outras commodities".

Com o discurso, Mantega realimenta as acusações que ele mesmo fez no ano passado de que países ricos, sobretudo os Estados Unidos, estão promovendo uma "guerra cambial". Esse se tornou um dos tópicos mais quentes da agenda da reunião do G-20 de hoje, depois que o FMI decidiu aprovar uma cartilha para aconselhar os países sobre como adotar controle de capitais.

O termo "guerra cambial" tem sido rejeitado por outros ministros da Fazenda que participam da reunião do G-20 e do encontro de primavera do FMI e do Banco Mundial. "Guerra cambial não está no nosso vocabulário", afirmou a ministra de finanças e economia da França, Christine Lagarde.

Mantega apresentará o Brasil e a Colômbia como duas grandes vítimas do forte aumento de liquidez internacional. "Esses países já estão arcando com mais do que deviam com o chamado reequilíbrio [das economias globais]", dirá Mantega. "Eles não podem aceitar nenhum "overshooting" adicional de suas taxas de câmbio." Ele se dirá "preocupado com os recentes pedidos de alguns dos países avançados em estabelecer códigos de conduta ou arcabouços de política econômica para a administração de fluxos de capitais". Também vai defender que os dirigentes máximos do FMI não sejam mais cargos cativos de Europa e EUA.