Título: Proposta para regular alimentos fica para setembro
Autor: Ribeiro , Alex
Fonte: Valor Econômico, 18/04/2011, Internacional, p. A11

O forte aumento dos preços de commodities como alimentos e petróleo foi uma da prioridades nas reuniões do G-20, FMI e Banco Mundial, mas só em setembro haverá propostas mais concretas sobre como avançar na regulação desses setores para evitar abusos.

No seu comunicado final, o G-20 apenas disse que considera bem-vindos os trabalhos feitos por outros organismos, como a Organização Internacional das Comissões de Valores Mobiliários (Iosco, na sigla em inglês) e que espera recomendações para regulações que garantam "mais transparência no mercado de derivativos para lidar com abusos de mercado".

Entre as propostas em discussão está exigir registros dos contratos no mercado futuro e assegurar aos supervisores nacionais poderes para intervir limitando, por exemplo, posições de participantes de mercado para evitar riscos excessivos e manipulações de preços.

Há alguns meses, havia receios de que esses trabalhos pudessem levar a tetos de preços, contrariando interesses de produtores de commodities como o Brasil, mas atendendo o interesse de países importadores de energia, alimentos e outras matérias-primas. O mal-entendido, porém, foi esclarecido e agora está claro que o objetivo é assegurar o bom funcionamento do mercado para evitar rupturas.

Negociadores brasileiros informaram que, além da regulação, o G-20 examina as causas da grande alta nos preços de alimentos. Há, de um lado, fatores estruturais na demanda, como o elevação de renda em países emergentes como a China e a Índia, e também na oferta, após muitos países passarem a usar a terra para biocombustíveis.

Mas há desequilíbrios tanto na oferta como na demanda, como o superaquecimento de algumas economias emergentes e o limite imposto por alguns países para a exportação de produtos como o trigo. O G-20 vai investigar, em especial, como a grande liquidez no mercado internacional está levando à alta dos preços dos alimentos.

A alta dos preços dos alimentos preocupa, mas o FMI previu que parte das pressões deve se suavizar nos próximos meses devido às medidas tomadas pelos bancos centrais para conter o superaquecimento das economias e também porque os agricultores estão respondendo aos preços por meio do aumento da área plantada.