Título: PT aposta em disputa com Serra em 2012
Autor: Lima, Vandson
Fonte: Valor Econômico, 20/04/2011, Política, p. A7

De São Paulo Até o fim deste ano, o PT terá definido seu candidato a prefeito na capital paulista. E o escolhido deverá disputar com José Serra (PSDB) o comando da cidade. Esta é a avaliação corrente de petistas que participaram de um encontro de prefeitos da sigla em Osasco, Grande São Paulo.

Para representantes do PT na capital, a votação tende a se pulverizar em 2012. Além dos tradicionais PT e PSDB, outras siglas vislumbram lançar candidatos. O PSB pode ter Gabriel Chalita, segundo deputado federal mais votado no Estado e o PCdoB aprovou hoje a pré-candidatura do vereador Netinho de Paula, terceiro colocado na disputa ao Senado. O eleitorado do PSDB e do PSD, do prefeito Gilberto Kassab e em fase de criação, é visto como similar. Se lançarem, separados, candidaturas de novatos, os votos se dividirão. Só Serra poderia unir os dois grupos.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva compareceu ao encontro e garantiu aos prefeitos que estará nos palanques em 2012. O ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, também esteve presente, mas não compôs a mesa da reunião. Nela estava outro réu no processo sobre o escândalo do mensalão, que corre no Supremo Tribunal Federal (STF), o deputado federal João Paulo Cunha. Ao todo, 32 prefeitos, 21 vice-prefeitos, 21 deputados estaduais, 3 deputados federais estiveram no encontro, além do ex-ministro Luiz Dulci, que comandou a Secretaria-Geral da Presidência.

Uma vitória na capital paulista é considerada pelo PT estratégica para desarticular o PSDB no Estado. As executivas nacional e estadual já aceitam a tese do diretório municipal de que, nas últimas eleições, o partido tomou decisões às pressas e prejudicou suas candidaturas: "Prefeitura é eleição de contato. Somos fortes na periferia da capital e temos dificuldade no centro expandido. Mas há uma periferia intermediária que decide a disputa. Temos que atuar nela", atesta o vereador e presidente municipal do PT, Antonio Donato.

Para o presidente estadual do PT, Edinho Silva, o partido precisa entender as demandas de novos setores sociais que emergiram no governo Lula: "Concordo com o texto do Fernando Henrique Cardoso quando ele diz que classe não é só definição econômica. Temos que entender a formação cultural desse setor, suas aspirações. E ajudar a formar sua identidade sócio cultural com valores progressistas, antes que sejam cooptados por valores conservadores, pautados pelo individualismo". Edinho contou ainda que Lula aconselhou o prefeito a escolher bons vices, que os ajudem a dialogar com os setores que tradicionalmente afeitos ao petismo. "O ideal era que todos tivessem um José Alencar.

Em São Paulo, o PT detém 64 prefeituras. O PSDB domina quase um terço do Estado, com 205 prefeituras.

Segundo o ex-presidente do Sebrae, Paulo Okamotto, os últimos detalhes na criação do Instituto Lula serão finalizados em 60 dias. Nesse meio tempo, o ex-presidente deve ir à Africa do Sul receber um prêmio. Na segunda quinzena de maio, Lula desembarca em Manágua, na Nicarágua, para participar de um encontro internacional de partidos de esquerda.