Título: Cauteloso, mercado troca dólar por ouro e cotação bate máxima histórica
Autor: Kim, Kyoungwha ; Nguyen, Pham-Duy
Fonte: Valor Econômico, 20/04/2011, Finanças, p. C2

Bloomberg, de Cingapura e Seattle Os contratos futuros de ouro atingiram ontem o recorde de US$ 1.500,50 por onça troy, influenciados pelas preocupações com as dívidas dos EUA, que pressionaram o dólar para baixo e aumentaram a demanda por metais preciosos como investimento alternativo.

O dólar se desvalorizou em relação ao euro, em meio às especulações de que o Banco Central Europeu (BCE) continuará a elevar o custo dos empréstimos, enquanto alguns países da região do euro estão às voltas para conter os títulos de dívidas soberanos. Na segunda-feira, a Standard & Poor"s revisou sua perspectiva de longo prazo para a classificação das dívidas dos EUA de "estável" para "negativa". Nos últimos 12 meses até segunda-feira, o ouro acumula valorização de 31%, enquanto os preços da prata dobraram.

"O "rating" de crédito dos EUA, sem dúvida, será rebaixado nos próximos anos", afirmou Michael Pento, economista sênior da Euro Pacific Capital, em Nova York. "Isso significará custo dos empréstimos bem maior e uma moeda bem mais baixa. Os investidores internacionais vêm usando o ouro e a prata como moeda alternativa e como opção ao dólar, o que apenas vai exacerbar e acelerar esse processo."

Os contratos de ouro para entrega em junho eram negociados em alta de US$ 3,50, ou 0,2%, cotados a US$ 1.496,40, no inicio da tarde em Nova York, na Comex. O ouro para entrega imediata chegou a subir 0,3%, para o recorde de US$ 1.499,32.

Pento, que previu corretamente a onda de alta do ouro nos últimos três anos, disse que o metal chegará a US$ 1,6 mil ainda neste ano. O metal valorizou-se em todos os anos desde 2001, sustentado pelo aumento na demanda de commodities como investimento.

"A tendência de alta torna-se mais pronunciada, à medida que mais e mais pessoas saem do dólar para comprar ativos tangíveis", disse Lim Chae Myung, operador da Hyundai Futures Co., que trabalhar em Seul.

O Departamento do Tesouro projeta que governo pode atingir o limite de endividamento de US$ 14,3 trilhões a partir de meados de maio e ficar sem opções para evitar a inadimplência por volta do início de julho.

O Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) mantém sua taxa referencial de juros entre 0% e 0,25% desde dezembro de 2008 e comprometeu-se a comprar US$ 600 bilhões em títulos do Tesouro dos EUA até junho, para estimular o crescimento.

O Banco Central Europeu (BCE), por sua vez, elevou sua taxa básica de juros de 1%, a menor na história, para 1,25% para conter a inflação.

O Fed provavelmente não correrá o risco de atrapalhar o crescimento da economia elevando o custo dos empréstimos rapidamente, disse Pento.

Os contratos de prata para entrega em maio subiam US$ 0,754, ou 1,8%, negociados a US$ 43,71 a onça troy. Anteriormente, o preço chegou a US$ 43,815, maior cotação desde 1980.