Título: Plano é enfraquecer denúncia
Autor: Campos, Ana Maria
Fonte: Correio Braziliense, 11/08/2010, Cidades, p. 28

Advogados de Joaquim Roriz estudam como neutralizar a acusação de que o ex-governador pagou R$ 10 mil para calar o neto de um suposto testa de ferro. Eles possuem dois bilhetes da negociação, que teriam sido escritos pelo beneficiário do dinheiro

A equipe de Joaquim Roriz (PSC) estuda uma estratégia de contra-ataque político à representação ajuizada no Ministério Público pela bancada do PT na Câmara Legislativa relacionada à denúncia de que o ex-governador foi filmado entregando dinheiro ao neto de um suposto testa de ferro dele em terras de Goiás. Os advogados de Roriz têm em mãos dois bilhetes que teriam sido escritos pelo beneficiário do dinheiro, André Alves Barbosa, nos quais ele afirmaria a Roriz ter negociado com integrantes do PT a venda da gravação em que o ex-governador aparece lhe entregando R$ 10 mil em espécie. Neto de Geraldo Alves Barbosa, conhecido como Geraldinho, um antigo amigo de Roriz, André procurou o ex-governador em março na casa dele no Park Way. Fazendeiro em Goiás, ele é apontado pelo neto como um laranja de Roriz na Fazenda Rasgado, no município de São Domingos de Goiás, no nordeste do estado. As terras foram penhoradas por uma dívida com o Banco Real, no valor de R$ 7 milhões, e depois repassadas ao empresário Osvaldino de Oliveira, dono da Nely Transportes que presta serviços de coleta de lixo ao GDF. Um pedaço da fazenda foi depois transferido para a Agropecuária Palma, de propriedade da família Roriz, administrada pelo neto mais velho do ex-governador, Juliano.

Em uma conversa que teve com Alberto Fraga, André Barbosa contou que esteve com Roriz para buscar uma solução para a dívida que teria sido contraída em nome do ex-governador. Saiu de lá com o maço de dinheiro no bolso e a promessa de que problemas financeiros de sua família seriam resolvidos quando o candidato do PSC reassumisse o GDF. O encontro de André e Roriz foi registrado em vídeo. Em tempos de Caixa de Pandora, quando imagens contundentes derrubaram um governo, André Barbosa avaliou que tinha em mãos uma mina de ouro. Passou, então, a procurar um comprador para o produto considerado explosivo na campanha.

O principal interessado seria o próprio Roriz. Por isso, ele teria procurado o ex-governador para oferecer uma negociação que evitasse uma crise política. Os bilhetes foram redigidos em computador. No texto, André afirma gostar muito do ex-governador mas diz que as circunstâncias da vida o obrigam a buscar recursos para resolver problemas. Num dos trechos, ele disse que preferia vender a fita a Roriz por R$ 30 milhões a entregá-la a petistas por R$ 50 milhões. A entrega da correspondência teria sido registrada pelas câmeras de vídeo da entrada da casa de Roriz. Um primeiro bilhete chegou às mãos do ex-governador. Irritado, ele teria amassado e rasgado o papel.

A assessoria do ex-governador confirma que ele entregou R$ 10 mil a André, mas alega que foi uma ajuda para Geraldinho, com quem Roriz teve negócios de gado e manteve parcerias de arrendamento de terras no passado. Geraldinho chegou a denunciar, em entrevista ao Correio em 1998, ser laranja do ex-governador. Também contou ter emitido notas fiscais frias para atestar a compra de cabeças de gado de Roriz. Depois voltou atrás e negou tudo o que havia dito. A assessoria do petista Agnelo Queiroz afirma que o candidato nunca se encontrou com ninguém da família de Geraldinho e jamais teria negociado a compra de uma gravação envolvendo o adversário. Agnelo teria ficado sabendo das novas denúncias contra Roriz pela imprensa.

Ceilândia

Na noite de ontem, o candidato do PSC inaugurou mais dois comitês eleitorais, dessa vez em Ceilândia. A denúncia contra o ex-governador municiou alguns discursos de integrantes da Coligação Esperança Renovada foram a Ceilândia. O tom continuou de ataque aos adversários, embora mais ameno do que nos últimos dias. Jaqueline Roriz, candidata pelo PMN a deputada federal, saiu em defesa do pai, que também teve negado ontem o embargo de declaração contra sua impugnação. As pessoas falam que não temos candidato. Nós temos candidato, isso tudo é medo de perder nas urnas.

Roriz falou rapidamente na inauguração do comitê no Condomínio Privê, pois, por volta das 21h, o local estava mais vazio após alguém jogar ovos na plateia. Já derrotei os petistas quatro vezes e vou derrotar a quinta, não tenho medo dos vermelhos.

Colaborou Juliana Boechat

É permitida no dia da votação a manifestação individual e silenciosa da preferência do eleitor por partido, coligação ou candidato, revelada apenas pelo uso de bandeiras, broches, dísticos e adesivos.